Da Redação
Com agencias
O parlamento regional aprovou, esta sexta-feira, a proclamação da Catalunha enquanto república independente e soberana. O projeto de declaração unilateral de independência foi aprovado por 70 votos a favor, 10 contra e dois em branco, num órgão composto por um total de 135 deputados. A oposição havia se retirado do plenário minutos antes e se absteve de votar.
Mais de 200 presidentes de câmara da Catalunha deslocaram-se esta sexta-feira ao parlamento regional para manifestar o seu apoio aos partidos separatistas que vão submeter a votação uma moção declarando formalmente a independência da região.
Liderados pelo presidente da Associação Catalã de Municípios e presidente da câmara de Premià de Mar, Miguel Buch, e pela presidente da Associação de Muncípios pela Independência e presidente da câmara de Vilanova i la Geltrú, Neus Lloveras, os autarcas celebraram um breve ato no auditório do parlamento, antes do início da sessão.
Buch afirmou que o dia desta sexta-feira representa um “ponto parágrafo” na história da Catalunha e sugeriu aos autarcas presentes fazerem mais tarde “uma performance” para mostrar o apoio à independência.
Lloveras destacou por seu turno o papel dos municípios, afirmando que “sem o mundo municipal, não se teria chegado onde se chegou hoje”. Após as intervenções, os autarcas lançaram gritos de “independência”.
Cerca de 12.000 pessoas, segundo a polícia, juntaram-se frente ao parlamento regional para acompanhar o plenário em direto pelos três écrans gigantes instalados no parque da Ciudadela.
Suspensão
A votação no parlamento catalão ocorreu antes de o Senado espanhol em Madrid, ainda esta tarde, aprovar a intervenção na Catalunha para restabelecer a “legalidade institucional”.
O Senado aprovou a aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola em relação à Catalunha, permitindo assim a suspensão da autonomia da região espanhola. O pedido do Governo de Mariano Rajoy foi validado com 214 a favor, 47 contra e uma abstenção.
Está marcada para as 19h de hoje (15h no horário de Brasília) uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, que vai efetivar a intervenção do governo espanhol na Catalunha.
Com esta decisão, o Executivo de Mariano Rajoy fica autorizado a suspender a autonomia da Catalunha e assumir a gestão direta daquela região. Para Rajoy, é inevitável a imediata aplicação do dispositivo pois a situação é excepcional e o objetivo é proteger a Catalunha.
Após a divulgação da declaração unilateral de independência por parte dos separatistas, Rajoy pediu tranquilidade aos cidadãos espanhóis e afirmou que a situação voltará à legalidade.
Perturbação
Em Portugal, o primeiro-ministro, António Costa, manifestou a sua “total solidariedade à defesa do princípio constitucional da unidade de Espanha”, considerando que a aprovação da declaração unilateral de independência da Catalunha “é uma perturbação da vida política” espanhola.
“A nossa posição é muito clara: total solidariedade à defesa do princípio constitucional da unidade de Espanha e o desejo de que, no funcionamento normal da ordem constitucional, sejam assegurados os canais de diálogo próprios que devem existir, mas salvaguardando aquilo que é fundamental num Estado de direito, que é o cumprimento da lei da Constituição”, afirmou António Costa.