Caso do recém-nascido que morreu em Faro “tem de ser investigado”

Da Redação
Com Lusa

O bastonário da Ordem dos Médicos pede que seja “investigado totalmente” o caso do recém-nascido que morreu depois de a mãe grávida ter sido transferida do Algarve para o Amadora-Sintra, hospital em Lisboa.

Em declarações à agência Lusa, o bastonário Miguel Guimarães disse desconhecer em pormenor o caso da grávida transferida de Faro para o Amadora-Sintra, mas lembra que a transferência constante de grávidas entre instituições pode “comportar risco”.

“As autoridades competentes têm de fazer uma investigação, a situação deve ser investigada totalmente pelas instituições com capacidade inspetiva e provavelmente pelo Ministério Público”, afirmou Miguel Guimarães.

O bastonário entende que, caso a transferência da grávida se tenha ficado a dever a falta de meios no Algarve para fazer o parto, “o Ministério da Saúde terá uma responsabilidade sobre isso”.

O bastonário sublinha que a insuficiência de meios humanos nas maternidades do sul do país, incluindo a região de Lisboa, foi “várias vezes denunciada” pela Ordem e entende que a constante “circulação de grávidas por falta de condições adequadas” dos serviços pode trazer riscos e ter “consequências indesejadas”.

Miguel Guimarães frisa que desconhece ainda as causas que levaram à transferência da grávida de Faro para Lisboa e recorda que o desfecho do caso, o falecimento do recém-nascido, poderia ter sucedido igualmente no Algarve.

O bastonário lamentou ainda a morte do bebé e manifestou solidariedade para com os pais e família.

Para Miguel Guimarães, as “autoridades competentes” têm de fazer uma investigação cabal do caso.

O Ministério da Saúde não indicou se pediu uma averiguação à situação e a Inspeção-geral das Atividades em Saúde (IGAS) também não o esclareceu.

“A IGAS não disponibiliza qualquer informação [sobre o caso concreto], sendo que certo que, em primeira linha, a indagação é da competência das entidades envolvidas”, indicou a Inspeção numa resposta escrita enviada à Lusa.

Também à Lusa, fonte oficial do Ministério da Saúde considerou que “foram seguidos todos os procedimentos de cuidados de saúde adequados”.

O hospital Amadora-Sintra refere que a grávida foi “prontamente assistida” e teve “todos os cuidados de saúde considerados necessários”.

Numa resposta à Lusa, a administração do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) indica que a “transferência entre hospitais do SNS de utentes grávidas é uma situação que ocorre sempre que clinicamente necessário e seguindo as normas de garantia da segurança das utentes”.

A administração do Fernando Fonseca refere que a grávida foi recebida no hospital no dia 2 de agosto, tendo sido “prontamente assistida e submetida a todos os cuidados de saúde considerados necessários, segundo as boas práticas clínicas”.

O hospital assegura que os procedimentos foram já verificados por uma “averiguação sumária realizada”

“A utente foi informada da complexidade da situação clínica pelos profissionais de saúde e envolvida nas decisões tomadas. Apesar de todos os esforços, a gravidade da situação clínica determinou o falecimento do recém-nascido, facto que lamentamos profundamente”, refere a resposta do Amadora-Sintra enviada à Lusa.

No caso, a grávida, com 32 semanas de gestação, foi transferida do Hospital de Faro, por razões que nem o Amadora-Sintra nem o Ministério da Saúde ainda explicitaram.

Segundo noticiou o Correio da Manhã sobre a morte do bebé, referindo que a grávida foi transferida do hospital de Faro por insuficiência de meios face à sua condição clínica.

Fontes ligadas ao caso confirmaram ainda à agência Lusa que a grávida apresentava um quadro de pré-eclâmpsia, que se traduz em hipertensão na gravidez, e de descolamento da placenta.

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