Os jovens empreendedores Leon e Rachel Netto criaram a rede Casa do Sono, que fechará o ano com faturamento de € 3 milhões de euros, três vezes maior do que em 2021
Da Redação
Em 2017, o jovem casal de brasileiros Leon (33) e Rachel (32) Netto decidiu, com a cara e a coragem, empreender em Portugal criando a marca especialista em colchões de alta qualidade e descanso. Atualmente, a empresa tem oito lojas, 30 funcionários diretos e 100 indiretos, e previsão de fechar o ano com faturamento três vezes maior do que em 2021, cerca de € 3 milhões de euros.
A visão do casal é tornar a Casa do Sono na maior rede de colchões de Portugal nos próximos cinco anos e abrir até cinco lojas em 2023, com faturamento de € 50 mil euros em cada unidade.
Leon tem cidadania portuguesa e já foi jogador de futebol na Europa. Rachel, desde muito cedo conhece bem o mercado de colchões. Quando encerrou a carreira de atleta, Netto se engajou com a esposa e abriram três lojas de colchões de uma grande franqueadora brasileira. A empreendedora foi criada dentro de uma loja de colchões, no Rio de Janeiro, desde os seis anos, onde a mãe trabalhava.
“Aos 18 anos, tornei-me vendedora dessa empresa. Aos 23, fui franqueada junto com meu marido, e mesmo sem experiência alguma em franquear conseguimos quadruplicar o faturamento de uma pequena loja. Chegamos a ter quatro unidades sob nossa administração, e aos 28 anos abrimos a Casa do Sono, em Portugal”, relembra Rachel.
O investimento na primeira loja em Portugal foi de € 15 mil euros. Leon conta que a maior dificuldade que encontrou ao empreender em Portugal foi achar o espaço ideal para sua loja e superar a barreira de ser aceito pelos proprietários do imóvel. Até encontrar um espaço de 70 m², por 1,2 mil euros mensais (R$ 5.400), ele foi recusado por diversos locatários de imóveis — “certas coisas são mais difíceis para nós…”, pondera o CEO da empresa, Leon Netto.
O empreendedor fechou negócio sem nem colocar os pés na propriedade. “No dia da visita, o proprietário esqueceu as chaves. Mas eu gostei da região — e, na verdade, estava tão difícil encontrar alguém que me aceitasse que topei mesmo sem abrir a porta”, lembra Leon. “A obra que fiz para inaugurar minha primeira loja custou 10 mil euros (R$ 45 mil); no Brasil, o valor teria passado de R$ 100 mil”, conta.
Com o sucesso, o casal natural do Rio de Janeiro decidiu expandir também para os Estados Unidos e inaugura agora em novembro sua 1ª loja em Orlando, na Flórida.
Quando perguntam sobre a razão do sucesso, eles são veementes sobre a importância do investimento nos colaboradores e no atendimento. “Desde o ano passado passamos a ter um olhar mais apurado e cuidadoso com os nossos funcionários. Sabemos que eles são nosso cartão de visitas no atendimento personalizado, grande diferencial frente aos nossos concorrentes. Começamos a investir ainda mais na gestão de pessoas e no plano de carreira deles. Temos um gerente operacional que começou como entregador”, ressalta Leon Netto.
Na América: Sleep House
Em uma viagem de turismo do casal com suas filhas, em dezembro de 2021, nasceu o desejo de expandir para os Estados Unidos. Quando iniciaram a pesquisa de mercado e conheceram as oportunidades para os empreendedores oferecida pelos Estados Unidos, o casal decidiu desbravar um novo país. Com mais oportunidade de crescimento e geração de empregos, Orlando, na Flórida, foi o lugar escolhido.
Leon Netto conta que as lojas de colchões na Flórida não têm o atendimento personalizado que oferecem aos clientes e esta é a grande oportunidade de levar um novo conceito para o estado. “O mercado europeu inteiro vende em torno de 5 bilhões de colchões, já o americano vende 35 bilhões. Vamos levar o nosso diferencial para este país. Os brasileiros têm essa vantagem”. A expectativa para os próximos 5 anos é abrir 10 lojas na Flórida.
Em Portugal, a marca tem um plano de franchising focado no País. Atualmente têm dois franqueados.
Especialistas em descanso
O casal classifica a Casa do Sono como especialista em descanso. A rede vende, além de colchões, camas, cabeceiras e sofás, e oferecem também toda a consultoria, arquitetos e decoradores para seus clientes. “Temos o propósito de promover aos nossos clientes qualidade de vida e descanso. Queremos que todos se sintam em casa. Daí vem o nome. Cuidamos de todos que entram na Casa do sono”, conta Rachel.
O CEO diz que o atendimento e a personalização são os grandes diferenciais da marca em solo europeu. “Fazemos qualquer produto sob medida, temos uma vasta variedade de cores, atendemos o cliente por completo e fazemos aquilo que ele sonha em ter em sua casa.”
Geração de empregos para brasileiros
Praticamente 100% dos funcionários da Casa do Sono são brasileiros. Leon e Rachel tem isso como premissa. “Queremos dar oportunidades a nossos irmãos de País. Que assim como nós, buscam esse desafio em um país completamente diferente. Nosso objetivo é que eles cresçam junto conosco. Não queremos apenas aumentar nosso faturamento, mas acima de tudo gerar empregos para brasileiros. Que eles tenham um plano de carreira sólido”, conta Leon.
A iniciativa vai de encontro com o cenário atual de Portugal que sofre com falta de mão de obra em diversos setores, em especial turismo, construção civil e tecnologia. Inclusive já estão disponíveis duas novas modalidades de visto de residência em Portugal que permitem a cidadãos do Brasil e dos demais Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) permanecer no país europeu seja para procurar trabalho, seja para trabalhar remotamente.
O primeiro é o novo visto de procura de trabalho, válido por 120 dias, com direito a 60 dias prorrogáveis, para quem quer buscar um contrato de trabalho em Portugal. O segundo é o visto para pessoas que exercem atividade profissional de forma remota – nômades digitais ou “nómadas digitais”, na variante lusa – que tem validade de 1 ano, mas é renovável por até 5 anos.
Os novos vistos têm como objetivo facilitar a entrada de trabalhadores falantes da língua portuguesa no país e animar a economia. Os brasileiros são a principal comunidade estrangeira de Portugal e alvo preferencial dessa medida. O número de pessoas naturais do Brasil vivendo regularmente em terras lusitanas vem aumentando ano a ano e bateu recorde em 2022 – 252 mil.