Casa do Minho faz aniversário e descobre que, sem jovens, continuidade está ameaçada

Por Ígor Lopes
Do Rio para Mundo Lusíada

Diretoria - Agostinho dos Santos, presidente da Casa do Minho, Manuel Felix Igrejas, Manuel Loureiro, vice-presidente da casa, Roberto Canazio, radialista da Rádio Globo, e a esposa Mariele, médica.

 

A Casa do Minho, no Rio, completou 88 anos de fundação. A festa que marcou esta data teve lugar na sua sede social, no bairro do Cosme Velho, Zona Sul da cidade carioca, no domingo, 11 de março. O evento reuniu nomes importantes da história minhota na cidade maravilhosa, mas serviu também para deixar um sinal de alerta: é preciso atrair os jovens para a diretoria da casa.

Na mesa, o almoço com pratos típicos portugueses. Nas caixas de som, o eco das sanfonas. Mais tarde, foi o folclore que tomou conta do lugar, com a apresentação dos ranchos da casa: Maria da Fonte e Veteranos. Na entrevista ao nosso jornal, na qual falou sobre a festividade, Agostinho dos Santos, presidente da Casa do Minho, se mostrou preocupado e confessou que uma das maiores dificuldades da casa, na atualidade, é conseguir cativar os jovens a fazerem parte da diretoria do clube minhoto.

“A dificuldade de hoje é fazer a juventude se entrosar na comunidade. O nosso objetivo é apostar na continuidade. Os jovens gostam de folclore, mas eles deveriam ser diretores, talvez assumir a presidência para, no futuro, assumir responsabilidades. Temos que dar continuidade à casa. Os jovens têm outros interesses. A juventude já não tem tanta ligação (com a comunidade)”, confirma Agostinho, que acredita que a grande luta, neste momento, é a “continuidade daquilo que os nossos velhos minhotos construíram”. A aposta da casa agora é no rancho folclórico juvenil, que já retomou os ensaios há um mês, mas que ainda não tem data para se apresentar publicamente.

Uma das novidades anunciadas também é que a Casa do Minho está em processo final para passar a ser designada como empresa. O intuito é poder garantir, de forma profissional, serviços que muitos diretores faziam antigamente, como cuidar da portaria ou, simplesmente, assar sardinhas.

“Faz falta hoje ter um grupo de apoio que faça as coisas por amor à causa. Ainda temos isso aqui na casa, mas a tendência é perder aos poucos”, lamenta o presidente.

 

Mensagem digital

No site da Casa do Minho na internet, Agostinho dos Santos refere que, “em todos esses anos, a casa procurou, através de todos aqueles que estiveram a sua frente, difundir e divulgar as nossas tradições minhotas”. Ele acredita que, nesses 88 anos, “a Casa do Minho sofreu grandes transformações ao sair de um sobrado da Rua Conselheiro Josino para a grandiosa sede social da Rua Cosme Velho. E lá, muito suor e lágrimas foram derramadas por todos aqueles que, de uma maneira ou outra, trabalharam muito pela construção e o sucesso da nossa casa”. Agostinho continua dizendo estar ciente de que “muita coisa ainda devemos fazer, mas, para isso, precisamos, e muito, de todos os minhotos”.

 

Em memória de um amigo

A data serviu ainda para recordar a memória de Plácido Peixoto Fernandes, sócio-benemérito da casa, que faleceu no dia 4 deste mês, aos 80 anos. O funeral foi realizado, debaixo de muita comoção, por familiares e amigos no tradicional cemitério de São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio. A missa de sétimo dia se realizou na igreja de Nossa Senhora das Dores, no Rio Comprido, Zona Norte, no sábado, dia 10.

Agostinho dos Santos aproveitou a oportunidade para lembrar da importância de Plácido Fernandes na comunidade minhota.

“O que posso dizer sobre o Plácido? Temos saudade de um amigo que perdemos. Ele foi diretor, conselheiro, parceiro e amigo de todas as horas. Estava sempre com a gente aqui. Era um minhoto nato. Particularmente, perdemos muito. Perdemos um irmão inesquecível. E a Casa do Minho, especificamente, perdeu uma das suas maiores figuras”, lamenta Agostinho.

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