Por Igor Lopes
Diante de dezenas de convidados, incluindo autoridades portuguesas, brasileiras e empresários dos dois países, a Casa do Minho do Rio de Janeiro celebrou, no dia 13 de março, os seus 95 anos de fundação. O tom da comemoração, que aconteceu no Salão Nobre da Casa, ficou marcado pela confirmação, por parte de nomes de relevo dessas duas nações irmãs, do protagonismo dessa entidade minhota carioca na ligação, cada vez mais qualitativa e promissora, entre Brasil e Portugal.
Para o presidente da Casa do Minho do Rio, Agostinho dos Santos, que já perspectiva o centenário da entidade, o segredo do sucesso da instituição se resume ao trabalho.
“Termos celebrado 95 anos de fundação mostra a nossa coragem e ânimo para darmos continuidade ao nosso trabalho. E não estamos medindo esforços para chegar ao centenário desta Casa. Se Deus quiser vamos chegar lá. Posso dizer que a entidade viveu 95 anos maravilhosamente bem e isso fica evidente com a visita de uma comitiva do Alto Minho que veio engradecer a nossa festa. O segredo do sucesso da nossa Casa é trabalho, trabalho e trabalho. Esse é o caminho”, frisou Agostinho dos Santos.
Por sua vez, o cônsul-adjunto de Portugal no Rio de Janeiro, João Marco de Deus, reforçou o papel da entidade minhota na promoção dos valores portugueses no Brasil.
“Esta foi uma noite extraordinária, pois a Casa do Minho do Rio é talvez o paradigma do exemplo das casas que conseguiram, com o esforço de quatro gerações seguidas, chegar ao patamar de representação da cultura portuguesa de nível muito elevado. Para nós, as casas portuguesas são parceiras imprescindíveis naquilo que é o apoio à comunidade portuguesa, e naquilo que é o apoio à língua, identidade e cultura portuguesa no Brasil. Ficamos muito honrados e felizes de estar aqui. Esta é uma das casas mais destacadas do Rio de Janeiro. A presença de uma comitiva em nível político muito expressiva comprovou precisamente a importância desta Casa e ficamos felizes em saber que a entidade tem um passado riquíssimo e um futuro certamente com ainda mais sucesso”, comentou o diplomata.
Visita internacional
A cerimônia de celebração dos 95 anos da Casa do Minho do Rio ficou marcada também pela ampla presença de autoridades portuguesas e brasileiras, dentre elas, uma comitiva de autarcas proveniente da região do Alto Minho, incluindo responsáveis políticos de Viana do Castelo, Valença e Vila Nova de Cerveira.
Na opinião de José Maria Costa, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo e da Comunidade Intermunicipal do Minho-Lima (CIM Alto Minho), o trabalho da entidade minhota na cidade maravilhosa é incomparável.
“Levo do Rio de Janeiro uma grande satisfação por ver que a nossa Casa do Minho é uma instituição verdadeiramente reconhecida e valorizada no meio carioca. E isso notamos com a representação ao mais alto nível de quem esteve aqui presente. Em segundo lugar, levo também a consciência de que a Casa do Minho do Rio está a fazer um trabalho fantástico, notável, na promoção da nossa língua, da nossa cultura e, por ventura, é um caso singular em todo o mundo. A Casa tem também um folclore fabuloso e uma grande preocupação com o rigor dos trajes e das danças, algo que não é muito usual de se ver. E, por último, os seus frequentadores e a sua diretoria são compostos por pessoas que fazem da sua vida uma coisa honesta e séria. Isso é uma marca que os portugueses têm no mundo todo. Estar aqui é um grande privilégio para mim. Foi muito bom ter cá vindo com mais colegas do Alto Minho. Esperamos que a Casa do Minho do Rio continue fazendo esse trabalho lindo e importante na promoção da nossa língua e da nossa cultura”, defendeu José Maria Costa.
Por sua vez, Fernando Nogueira, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira, sublinhou a importância das comunidades portuguesas no mundo.
“Estar aqui é uma sensação única e uma honra, pois festejar 95 anos de uma casa regional não é algo pequeno. Só é possível pela grande organização e amor que os nossos imigrantes no Brasil têm com a nossa pátria, com a nossa cultura e história, por respeito aos seus antepassados. Levo do Rio de Janeiro o coração cheio por ver o lindo trabalho que essas comunidades fazem pela nossa cultura. É preciso valorizar as nossas comunidades no estrangeiro que tanto perpetuam a nossa cultura e a alimentam de uma forma que em Portugal não imaginamos. Queremos respeitar essa tradição e sentimos profundo orgulho de todos os lusodescendentes”, afirmou Fernando Nogueira.
José Temporão Monte, vereador da Câmara Municipal de Valença, responsável pelas áreas de Cultura, Desporto, Juventude e Turismo, considerou ser necessário manter vivo o trabalho das casas regionais portuguesas.
“Esta foi uma solenidade que me emocionou muito, pois o meu avô foi fundador da Casa do Minho de Moçambique e, praticamente por influência, vivi o nascimento de uma entidade minhota, que visa sempre transmitir a cultura e as nossas tradições além Portugal. É importante mantermos esse trabalho nas casas regionais porque elas ajudam no apoio aos cidadãos que deixaram as suas terras. Estas casas defendem as nossas imagens e tradições. É importante fazer estes atos sociais e envolver estas pessoas para que haja uma continuidade do trabalho desenvolvido. E a Casa do Minho do Rio talvez seja a mais representativa de Portugal para além-fronteiras”, confirmou José Temporão Monte.
Por fim, Paulo Jorge Dias Torres, presidente da Junta de Freguesia de Castelo do Neiva, em Viana do Castelo, destacou o desempenho da atual diretoria da Casa do Minho do Rio.
“Estar presente neste aniversário tão simbólico, e depois de ver que a comunidade portuguesa foca tanto na sua cultura, preservando-a para deixar um legado, é incrível. Nota-se que existe um trabalho envolvente de toda a direção e de todos os colaboradores da Casa, além do empenho e do amor que têm por Portugal”, salientou Paulo Torres.
Dias antes do evento no Rio, a comitiva do Alto Minho esteve na capital da Argentina, Buenos Aires, para se encontrar com emigrantes, industriais e empresários. O grupo se reuniu com a presidente do Club Português Esteban Echevarria, Otília Cruz, e com a comissão diretiva do Clube. Nessa oportunidade, os autarcas minhotos se encontraram com o embaixador português na Argentina, com o presidente do Município e com representantes do Conselho das Comunidades Portuguesas da América do Sul, além de nomes ligados à Agência para o Investimento da Argentina.
Reconhecimento empresarial
A cerimônia na Casa do Minho do Rio foi acompanhada ainda por Ivo Cunha, diretor-geral da tradicional Fundação Santoinho, que mantém uma estrita ligação com a Casa do Minho carioca. Na visão desse empresário, o trabalho desenvolvido pela entidade minhota no Brasil é de grande importância e qualidade.
“Estarmos presentes nessa data tão importante pare a Casa do Minho do Rio representa um privilégio enorme, pois estamos associados a esta comemoração que é histórica numa Casa que divulga o Minho e as nossas tradições e cultura como poucas no mundo. Todos dessa Casa são representantes genuínos das nossas tradições, da nossa identidade e poder vivenciar tudo isso é indescritível. A Casa do Minho do Rio não faz somente a manutenção do folclore minhoto, mas tem um cuidado enorme ao detalhe, ao pormenor de manter uma autenticidade que muitas vezes não se vê nos ranchos em Portugal. Portanto, é de se louvar o carinho, o trabalho que há de investigação e de ensaio para manter as coisas numa linha genuína, tipicamente minhota”, sugeriu Ivo Cunha, que considerou também haver uma conexão positiva entre a empresa que dirige e a entidade cultural minhota no Brasil.
“Há uma ligação entre a Fundação Santoinho e a Casa do Minho carioca que vem desde os anos 1970, por meio de gestões extraordinárias, como a de Agostinho dos Santos e do meu avô António Cunha e, agora, o meu tio Valdemar Cunha. Portanto, a Casa, por mérito próprio, cria essas ligações e essas atividades no Brasil e, em Portugal, cria pontes, fomenta o intercâmbio e tem todo o mérito pelo trabalho que tem desenvolvido. O presidente Agostinho dos Santos é o grande embaixador do Minho no Brasil. Ele é um incansável trabalhador pela nossa cultura. Estamos ligados a ele e ter a Casa do Minho como uma instituição amiga é um orgulho enorme”, finalizou Ivo Cunha.
Reduto de notáveis
A noite dessa festividade na Casa do Minho do Rio, em prol dos seus 95 anos de fundação, reuniu nomes importantes do cenário luso-brasileiro, como Francisco Gomes da Costa, presidente do Real Gabinete Português de Leitura e do Liceu Literário Português; a deputada federal Martha Rocha; a vereadora Teresa Bergher; o presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas, Flávio Martins; o Coordenador-Geral de Recursos Humanos do Instituto Nacional da Propriedade Industrial do Brasil, Marcelo Fernandes; além de membros da sociedade civil e da atual diretoria da Casa do Minho do Rio, bem como de antigos gestores da entidade, folcloristas, presidentes das demais casas regionais portuguesas instaladas no Rio de Janeiro, conselheiros das comunidades portuguesas, empresários, artistas e profissionais da imprensa.
A cerimônia contou com homenagens, entregas de flores, de diplomas e de medalhas comemorativas. O guitarrista Victor Lopez, único músico a tocar esse instrumento no Rio, e a fadista Maria Alcina, que completou 60 anos de carreira no Brasil recentemente, foram alguns dos nomes que mereceram distinções por parte da diretoria minhota.