Casa de Portugal de São Paulo quer chamar atenção dos jovens luso-brasileiros, diz João Botelho

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

O cantor Roberto Leal dividiu o palco com a sua filha Manoela, nesta noite.

Em 14 de dezembro, a Casa de Portugal de São Paulo promoveu sua típica Ceia de Natal, recebendo cerca de 600 pessoas na sua sede. Com a presença de todos os amigos e associados da casa, e com show do cantor Roberto Leal e Banda. A noite contou com a gastronomia portuguesa oferecida pelo Buffet O Marques.

O presidente Julio Rodrigues estava em viajem aos Estados Unidos, e o Mundo Lusíada conversou com o presidente em exercício, João Botelho, representando a diretoria. Segundo Botelho, o balanço do ano para a casa foi positivo.

“A Casa de Portugal fez uma série de eventos com boa assistência, acho que precisamos fazer um pouco mais, atrair os luso-descendentes, que é uma tarefa difícil, mas vamos ter que ser criativos o suficiente para atrair e criar atrativos para que as pessoas venham”, afirma Botelho.

Apesar do folclore, comenta, os mais jovens têm outros interesses que não passam somente pelo fado ou folclore. “Hoje temos que modernizar as nossas iniciativas para que as pessoas venham, tornar a casa um centro de discussão. Por que se faz um happy hour num bar do Itaim e não se faz aqui? Boa pergunta, esta é a questão”, diz ele fazendo referência ao que, mensalmente, a Câmara Portuguesa de Comércio realiza.

“Temos que trabalhar outras vertentes no sentido de voltar a criar um hábito para que as pessoas frequentam a casa, visitem a casa, usufruem da casa, e para isso precisamos oferecer alguma coisa em troca. Temos que oferecer, principalmente aos mais jovens, para que se habituem e retornem aqui. Precisamos fazer um brainstorming, todos pensando alto e cada um dar o seu contributo. Talvez uma ideia aqui, juntar isso, criar um plano de atividade em médio prazo. As coisas não acontecem de um dia para o outro, mas temos que criar espaço para isso, porque se não for assim um dia isso morre, porque a comunidade mais antiga, os emigrantes mais antigos que estão aqui há 40/50 anos estão ficando idosos, é ordem natural da vida. Temos que garantir que haja um rejuvenescimento de geração como outras casas estão fazendo”.

Para Botelho, é importante que a Casa de Portugal de São Paulo comece esta tarefa, e encare este “desafio”. Como vice-presidente, ele já colocou este assunto várias vezes em reunião de diretoria. “Alertei meus companheiros de direção para este problema, é algo que todos temos que pensar, porque se não fizermos esforço nesse sentido, essas associações tendem a desaparecer”.

O vice da casa chamou atenção para uma questão única que acontece no Brasil, que é a língua portuguesa em comum, já que nos demais países como França, um emigrante só fala português com seu patrício numa casa portuguesa. “Aqui nós não precisamos disso, o taxista fala português, a padaria fala português. Na França, na Alemanha, no Luxemburgo isso não acontece. Aqui nós temos esse fator da língua que nos une, mas neste caso concreto, está nos afastando. A Casa de Portugal, na qual estou mais envolvido, não soubemos preparar para isto, ficamos um pouco cristalizados na nossa cidade, esquecemos que a vida andou”, citou defendendo que as camadas mais jovens não serão atraídas somente nas mais tradicionais culturas portuguesas.

“Por que nossos filhos não frequentam a casa, ou os netos não veem aqui? Porque não temos nada a oferecer! Esta é a realidade. Temos que pensar o que fazer para rejuvenescer todos estes quadros, e para que esta coisa se mantenha por muitos mais anos”.

Homenageados

Manuel Tavares (pai) e Manuel Tavares (filho) com o presidente em exercício João Botelho durante homenagem oferecida pela casa. E, Ernesto Lemos recebeu sua homenagem do ex-presidente António dos Ramos, com o presidente em exercício João Botelho.

Entre os homenageados da noite, foram escolhidos pela diretoria este ano o presidente da Câmara Portuguesa de Comércio em São Paulo, Manuel Tavares de Almeida Filho, e o diretor do grupo folclórico da Casa de Portugal, Ernesto Lemos.

Manuel Tavares, em seu rápido pronunciamento, agradeceu a todos pela homenagem da Casa de Portugal, e encerrou desejando a todos um bom final de ano. Ernesto Lemos também fez seus agradecimentos, e reuniu a família para uma foto, as filhas Ana Flavia, Ana Cristina e a esposa Conceição Lemos.

O coral Orfeão do Centro Cultural Português de Santos entrou no palco para uma apresentação, pela primeira vez na Casa de Portugal. No repertório, músicas natalinas marcaram a confraternização de final de ano. A programação da noite foi fechada com show de Roberto Leal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *