Casa das Beiras muda estratégia e atrai recursos para se manter ativa

Por Ígor Lopes
Do Rio para Mundo Lusíada

Sessão solene de 59Anos de fundação na Casa das Beiras no Rio. Foto: Igor Lopes

 

A Casa das Beiras levou a cabo, no último dia 19, uma sessão solene para celebrar os 59 anos de fundação da instituição. O evento recebeu a presença de dezenas de amigos, sócios e convidados, além de autoridades da comunidade portuguesa, que estiveram juntos na Tijuca, Zona Norte do Rio. No domingo, 25, a festa continuou com um almoço especial, com apresentação da banda Típicos da Beira e do cantor Márcio Gomes. Mais cedo, nesse mesmo dia, houve missa de Ação de Graças na igreja de São Francisco Xavier. A data ficou marcada ainda pela estreia do Rancho Folclórico Benvinda Maria da Casa das Beiras. Todo esse processo realçou a vontade de “viver” da instituição, que fez novas apostas em termos de publicidade com o objetivo de atrair novos frequentadores.

Na mesa de honra, Nuno Bello, cônsul-geral de Portugal no Rio, assumiu o papel de presidente da sessão. Ao seu lado, nomes de vulto da comunidade lusa no Rio. Este ano, a direção da casa apostou no membro da Academia Luso-Brasileira de Letras, Adolfo Rodrigues dos Santos, como orador oficial. E ele não decepcionou. Repleto de conhecimento, Adolfo traçou um panorama da formação da identidade da casa, do seu início e do que ainda está por vir. Aplaudido, Adolfo prendeu a atenção do público por cerca de 40 minutos. Ficou nítido que o salão nobre ficava pequeno para tanta história.

Por seu turno, José Henrique Ramos da Silva, presidente da casa, recordou que esses 59 anos de vida atestam “a dedicação dos dirigentes da casa e colaboradores, que por mais de meio século, têm feito desta instituição um centro difusor da cultura portuguesa”. Este responsável afirmou que a instituição que preside “tem sabido preservar as suas origens e afirmar uma identidade própria, sem com isso diminuir a sua função geral integradora, enquanto associação representativa de portugueses no Rio de Janeiro”.

“Muito mais importante do que construir este solar beirão de rara beleza arquitetônica é mantê-lo moderno e bem cuidado, é ver que por aqui já se passaram varias gerações e muitas outras haverão de vir, e as beiras, berço maior da migração lusíada para o Brasil, está presente em cada canto desta casa com suas tradições, cultura, gastronomia e hospitalidade”, sublinhou José Henrique, que ressaltou ainda que, nos últimos três anos em que está a frente da administração da casa, dribla as “dificuldades de manter acesa a chama beirã”.

Antes de terminar o seu discurso, o presidente reforçou a ideia de que foi preciso apostar forte no investimento em marketing, com o intuito de divulgar a estrutura da casa, como o salão e buffet, na mídia carioca, o que resultou no aumento de festividades particulares, lotando a agenda nos finais de semana.

José Henrique acredita que a mudança mais radical da sua gestão foi tentar atrair um público que não frequentava a casa. Outro ponto a ser levado em consideração é a parceria com a Casa do Benfica, escola de samba Unidos da Tijuca e Academia de Letras e Artes de Paranapuã (ALAP).

“As festas portuguesas estavam tendo um público muito baixo. Por isso, investimos em marketing, anúncios e revistas especializadas em gastronomia. Massificamos esse tipo de anúncio e fomos buscar festas particulares como bodas, casamentos, festas de 15 anos, aniversários, enfim, tentamos buscar o público carioca, já que a nossa colônia esta cada vez menor e muito dividida”, revela o presidente.

Para o cônsul de Portugal no Rio, Nuno Bello, é preciso valorizar as instituições portuguesas no Rio, já que esses locais funcionam como “pequenas embaixadas nos diversos bairros” cariocas.

“Como português, sinto-me orgulhoso e agradeço o esforço dessas pessoas que têm a capacidade de manter a imagem de Portugal no Rio de Janeiro. A comunidade portuguesa, por mérito próprio, está completamente integrada por aqui”, avalia o diplomata.

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