ESPECIAL ENTREVISTA >> Ao Mundo Lusíada, Carlos do Carmo revelou que tem uma velha ambição que deseja realizar antes do encerramento da carreira, gravar Fados Brasileiros.
Mundo Lusíada
Um espetáculo de fado reuniu grandes nomes em São Paulo na noite de 25 de abril em que se comemorou os 40 anos da Revolução dos Cravos. Carlos do Carmo, Ivan Lins e o músico Antonio Serrano estiveram no auditório do Parque Ibirapuera para uma noite elogiável para o público presente. Carminho também era esperada mas cancelou sua vinda por conta de uma virose.
Os músicos receberam o Mundo Lusíada no camarim, antes do show, para um bate-papo sobre as comemorações, que incluíam ainda os 50 anos de carreira de Carlos do Carmo.
“Em relação aos 50 anos de carreira, essa é uma emoção especifica concentrada nesse momento da minha carreira. Quanto ao 25 de Abril, já festejei várias vezes no Brasil”declarou Carlos do Carmo relembrando inclusive datas em que o país vivia uma ditadura, época em que acompanhou grandes artistas brasileiros nos palcos, algo que guarda como “uma belíssima recordação”.
O renomado fadista se rendeu aos agradecimentos quanto a participar das comemorações deste ano, marcando os 40 anos da revolução que depôs o regime ditatorial em Portugal. O evento foi realizado pela Casa de Portugal São Paulo e Centro Cultural 25 de Abril.
Entre as surpresas do show, Carlos do Carmo cantou em português do Brasil com perfeição, da mesma forma que o amigo Ivan Lins cantou perfeitamente com sotaque português de Portugal. “É uma marca de infância, a minha mãe foi uma grande fadista e fazia turnês ao Brasil. Eu era garoto e quando ela regressava trazia-me discos de Luiz Gonzaga e Dorival Caymmi. Em cima do que eles cantavam, habituei-me a cantar o português do Brasil ainda criança. Nunca mais esqueci” contou Carlos do Carmo.
Pela primeira vez na vida, Carlos do Carmo se atreveu, como declarou, a cantar o português do Brasil, num palco brasileiro. “O Ivan Lins é uma pessoa que tenho uma profunda amizade, e felizmente ele estava disponível para participar, isso para mim é mágico. E convidamos um grande tocador de harmônica que é o Antonio Serrano que foi durante 20 anos músico do Paco de Lucia, gigante da música, ele ficou muito feliz de vir a São Paulo”.
Fados brasileiros
Ao Mundo Lusíada, Carlos do Carmo revelou que tem uma velha ambição que deseja realizar antes do encerramento da carreira. “Já gravei discos com pianistas clássicos e fabulosos, com orquestras, já fiz mil coisas. Mas há uma coisa que há muitos anos está dentro da minha cabeça, gostava de cantar fados brasileiros, e existem belíssimos fados” revelou, citando por exemplo fados do próprio Ivan Lins.
Um projeto, com certeza, que incrementaria os laços culturais entre Brasil e Portugal. “Sinto-me no Brasil muito bem, sinto uma proximidade com as pessoas sejam elas pretas, mulatas, brancas. Embora tenha consciência que estou em presença de uma gente de outra cultura, outro continente, é um país jovem, é outra coisa. E noto, cada ano que passa, que meus amigos brasileiros cada vez mais gostam de Portugal, cada vez mais gostam de Lisboa, porque no fundo nós vivíamos uma certa desinformação parte a parte”.
Segundo ele, Portugal hoje é um país moderno e cheio de dificuldades como todos os outros europeus, mas aberto ao mundo. “Os brasileiros, este país gigantesco com um povo precioso, tem todas as condições de ser o farol do mundo. Desde criança que estou a espera disso, convencido que não vou ver isso em vida, mas tenho a esperança”.
