Mundo Lusíada
Com agencias
O candidato presidencial Sampaio da Nóvoa renovou em 13 de janeiro a convicção de que haverá um segundo turno nas eleições de 24 de janeiro, possibilidade que diz ter crescido muito nos últimos dias.
“Parece-me absolutamente improvável que não haja segunda volta”, disse aos jornalistas, durante uma passagem por uma Casa da Sorte, no centro de Beja, sublinhando que tem sentido na rua que as pessoas acreditam cada vez mais nessa possibilidade.
O antigo reitor da Universidade de Lisboa mostrou-se, mais uma vez, confiante de que houve “uma viragem” na percepção dos resultados que são esperados nas eleições, pois “uma coisa era acreditar, outra coisa é ter a certeza de que isso vai acontecer”.
Já no final do ano, uma sondagem da Universidade Católica mostrava o candidato Marcelo Rebelo ganharia logo no primeiro turno, com 62%. A pesquisa atribuiu uma clara vantagem ao antigo líder do PSD em relação aos seus principais rivais, Sampaio da Nóvoa (15%) e Maria de Belém (14%). A lista ainda incluía os candidatos do BE Marisa Matias e do PCP Edgar Silva, ambos com 3%, Paulo Morais (1%) e Henrique Neto (1%).
Sampaio da Nóvoa, que arrancou o seu quarto dia de campanha em Beja, ouviu palavras de apoio na cidade, havendo até quem lhe sugerisse que se focasse em trabalhar no resto do país, pois ali já estava “ganho”.
Questionado pelos jornalistas sobre se a mudança de opinião relativamente ao resultado das eleições tinha sido influenciada pelo debate da semana passada com Marcelo Rebelo de Sousa, Nóvoa admitiu que o debate teve um papel importante. “Sempre acreditei [na segunda volta], mas é evidente que temos uma dimensão de racionalidade, não são crenças, é uma realidade concreta e reforçou-se muito nos últimos dias, ouço muito isso na rua”, concluiu.
À saída da cidade, o candidato elevou-se numa das carrinhas que o transporta, e à sua comitiva e, dirigindo-se a poucas dezenas de pessoas, prometeu: “na segunda volta estamos cá outra vez”. Nóvoa já teve apoio declarado de ex-Presidentes da República como Ramalho Eanes, Jorge Sampaio e Mário Soares.
Partidos
Já o PSD não só está preocupado com quem ganha as eleições, como também com quem ficará em segundo lugar, se o candidato Sampaio da Nóvoa ou a candidata Maria de Belém. Para os sociais-democratas, a vitória de Marcelo é tomada como certa.
A “vitória de Maria de Belém a Sampaio da Nóvoa, mesmo que não exista segunda volta, significará a vitória dos moderados e a derrota de Costa”, disse ao Diário Económico um vice-presidente do PSD.
Em entrevista à Renascença, o ex-primeiro ministro disse que gostaria que o mandato do sucessor do atual Presidente fosse “próximo daquilo que tem sido o exercício do mandato presidencial do professor Cavaco Silva”. E Marcelo Rebelo de Sousa tem, na sua percepção, “uma noção institucional que não difere, na sua natureza, daquela que tem sido a interpretação do professor Cavaco Silva” disse Pedro Passos Coelho.
Marcelo Rebelo de Sousa se diz “confiante” que será eleito Presidente da República no dia 24 de janeiro, sem que seja necessária uma segunda volta das eleições. “Por aquilo que tenho visto na rua, nestes contactos pessoais – eu tenho preferido os contactos pessoais, almoços ou jantares a comícios – porque acho que deve ser assim a Presidência, deve ser na base da proximidade. O que tenho sentido confirma o que as sondagens têm dito”.
Nesta semana, Marcelo Rebelo de Sousa levou cerca de uma hora a percorrer parte da Avenida Arriaga, no Funchal, sendo constantemente parado por pessoas que queriam cumprimentá-lo e tirar fotos.
Por sua vez, durante uma manhã dedicada às mulheres, a antiga ministra e presidente do PS destacou também o papel das mulheres na sociedade e questionada se a afirmação da sua candidatura é mais difícil pelo fato de ser mulheres frisou que não. “Muitas mulheres sentem que é chegado o momento de ter um exercício da Presidência diferente”, sublinhou.
Maria de Belém Roseira está percorrendo o país sem máquina partidária ou aparato, mas na caravana de pouco mais de uma dúzia de pessoas, há um ‘apoiante’ especial, Manuel Pina, o marido que “como sempre” está a seu lado.
Também a porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu a importância de uma segunda volta, já que o próximo Presidente terá de tomar decisões “muito importantes e difíceis”. “Nós não podemos fazer das presidenciais concursos de lugares comuns ou em que já está tudo decidido”.
“Precisamos que haja uma segunda volta, que permita ter o melhor Presidente da República e afastarmos, de uma vez, o legado de Cavaco Silva, da subserviência aos interesses econômicos e financeiros e começarmos uma construção bem mais saudável, da dignidade das próprias instituições públicas do nosso país”, concluiu.