Câncer de Cabeça e Pescoço mata três portugueses por dia

Da Redação
Com Lusa

A Semana Europeia de Luta Contra o Câncer de Cabeça e Pescoço começou em Lisboa com uma ação de rastreios no Cais do Sodré, que visa alertar para uma doença que mata três portugueses por dia.

“Morrem três portugueses por dia com esta doença e aquilo que nós queremos é que sejam diagnosticados mais cedo”, afirmou aos jornalistas a presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço, Ana Castro, que está a realizar os rastreios numa carrinha junto ao Terminal Fluvial do Cais do Sodré.

A médica explicou que quanto mais cedo o cancro for diagnosticado maior é a probabilidade de cura: “Nós conseguimos curar 90% dos doentes nessa fase e se diagnosticarmos muito tarde vamos conseguir curar apenas cerca de 20%”.

Ana Castro destacou como “muito positivo” no combate a esta doença a entrada de médicos dentistas no Serviço Nacional de Saúde, porque “permite a mais gente ter acesso a cuidados de saúde oral”, um dos fatores de risco do Cancro de Cabeça e Pescoço.

Existe também um programa para formação de farmacêuticos, que em muitas zonas do interior do país são a “primeira porta dos doentes”. É importante que consigam reconhecer esta doença e saibam para onde podem reencaminhar o doente, referiu Ana Castro.

Presente na iniciativa, a ministra da Saúde, Marta Temido, considerou que este tipo de campanhas são “absolutamente fundamentais” para “sensibilizar a população para a necessidade de estar atento às alterações da sua cavidade oral” e se queixarem aos profissionais de saúde quando detetarem alguma alteração.

A ministra salientou também o “esforço significativo” feito ao nível da saúde oral com “a colocação de médicos dentistas nos centros de saúde”, além do cheque-dentista.

“Se o médico dentista que está no centro de saúde identificar qualquer lesão indiciadora de que algo vai menos bem pode referenciar o utente para o médico hospitalar e isso tem permitido identificar lesões malignas e proceder a tratamento com maior celeridade”, sublinhou.

Segundo a ministra, quase metade dos agrupamentos de centros de saúde têm cobertura de saúde oral. Na região de Lisboa e Vale do Tejo “o progresso foi muito rápido”, mas “há outras zonas do país onde temos de acelerar a velocidade”.

O papel do dentista na prevenção e no diagnóstico precoce desta doença também foi realçado por Filipe Freitas, da Ordem dos Médicos Dentistas.

“No nosso contacto regular com o doente estamos numa posição privilegiada para idealmente, a cada seis meses, podermos identificar lesões numa fase inicial”, disse Filipe Freitas, do grupo de acompanhamento do PIPCO — Projeto de Intervenção Precoce do Cancro Oral, que já detetou, desde a sua implementação em março de 2014 até março deste, 440 lesões malignas ou pré-malignas.

Bárbara Cruz, 23 anos, foi das primeiras pessoas a realizar o rastreio na carrinha estacionada no Cais do Sodré, onde estavam a ser distribuídos panfletos sobre a doença, que atinge cerca de 3.000 pessoas por ano em Portugal.

Em declarações à agência Lusa, a jovem disse que soube que estava a ser realizado um rastreio e, apesar de se sentir bem, decidiu fazer. “Estava aqui perto e porque não”, disse.

“É um rastreio fácil, rápido, não é agressivo e os especialistas são acessíveis, por isso não há que ter receio”, disse Bárbara Cruz, considerando que todas as pessoas o deviam realizar, indecentemente da idade.

A médica Ana Castro alertou para os fatores de risco desta doença, nomeadamente o tabaco, o consumo do álcool, uma má higiene oral, próteses dentárias mal-adaptadas e a infeção pelo HVP.

As pessoas devem estar atentas a sintomas como dor de garganta, rouquidão persistente, língua dorida, manchas vermelhas ou brancas em toda a cavidade oral, dificuldade em engolir, nódulo no pescoço, nariz entupido e sangramento oral que permaneçam durante três semanas.

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