Da Redação com Lusa
A Cabo Verde Telecom (CVTelecom), grupo estatal com operadoras de telecomunicações móveis e fixa, Internet e televisão por subscrição, prevê fundir-se dentro de seis meses numa única empresa, mas a administração garante que não haverá despedimentos.
“O nome ainda não sabemos, mas haverá uma só empresa do lado da CVTelecom”, afirmou, em entrevista à Lusa, o presidente do conselho de administração do grupo estatal, João Domingos Correia.
“Está um processo em curso, com consultoria e tudo. Nós estamos a prever que dentro de seis meses teremos uma só empresa com os seus negócios”, acrescentou, garantindo que esta opção vai permitir “ganhar eficiência operacional” e terá “repercussão positiva nos preços aos consumidores”.
“Vai representar uma grande facilidade na vida do cliente consumidor, que passará a ter uma única fatura, que passará a ter um único interlocutor e quando tiver de resolver os seus problemas não tem de se dirigir às seis empresas separadamente, mas sim a uma única empresa”, garantiu.
Por outro lado, o presidente do conselho de administração do grupo CVTelecom, que em final de 2020 contava com mais de 400 trabalhadores, garante que não estão previstos despedimentos com esta fusão.
“Seguramente que não. A CVTelecom vai ter de recrutar mais pessoas, com o perfil tecnológico adequado, e nós estamos em processo de reorganização, fazendo reciclagem das pessoas que ainda são recicláveis e trabalhar no processo de reforma antecipada para aqueles que pretendam ir para casa mais cedo”, acrescentou João Domingos Correia.
A CVTelecom contava com participações avaliadas no final de 2020, no relatório e contas do grupo, em 817 milhões de escudos (7,4 milhões de euros) em várias empresas, nomeadamente na CV Móvel (rede de telecomunicações móveis, 100%), CV Multimédia (televisão por subscrição e internet, 100%) e a Directel Cabo Verde (Páginas Amarelas, 40%).
A maioria do capital social do grupo CVTelecom é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social (instituto público que gere as pensões cabo-verdianas), em 57,9%, contando ainda com a estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), a Sonangol Cabo Verde (5%) e o Estado de Cabo Verde (3,4%) entre os acionistas, como privados nacionais (13,7%).
A Lusa noticiou em setembro passado a intenção da CVTelecom fundir as empresas daquele grupo estatal e comercializar de forma integrada diferentes serviços de telecomunicações, como voz, dados e televisão, contrariamente ao que ainda acontece.
“É expectável que o ano de 2021 seja marcado pela aceleração da execução da estratégia do grupo CVTelecom, designadamente no que diz respeito à almejada fusão das empresas do grupo e consequente melhoria da proposta de valor aportada ao mercado”, lê-se no relatório e contas da empresa de 2020, sobre os acontecimentos depois do fecho do exercício (em 2021).
A operadora, a maior do país e que atua na área das telecomunicações móveis, fixas, de internet e televisão por subscrição, registou um crescimento de 10,5% nos lucros de 2020, para mais de 207 milhões de escudos (1,87 milhões de euros).
No relatório e contas, o grupo de telecomunicações sublinha o impacto da alteração “e consequente modernização do pacote legislativo do setor”, anteriormente regulamentado pelo decreto legislativo 7/2005, feita já em 2021: “Assume-se como um acontecimento relevante e que trará maior clareza à prossecução das atividades do grupo CVTelecom”.
“A entrada em vigor do novo figurino legal irá permitir a transição do atual cenário, em que existem licenças por serviços, para um cenário em que existe uma autorização geral para empresas que pretendam oferecer redes e serviços de telecomunicações eletrônicas, possibilitando ao grupo CVTelecom pôr termo à obrigatoriedade de separar os negócios de retalho, ficando essa obrigatoriedade apenas entre os serviços grossistas de ‘backbone’ e os restantes”, afirma a empresa no relatório.