Cabo Verde quer envolvimento de todos no centenário de nascimento de Amílcar Cabral

José Maria Pereira Neves, intervém durante a cerimónia da sua tomada de posse no Salão Nobre “Abílio Duarte”, Assembleia Nacional de Cabo Verde, 9 de novembro. ELTON MONTEIRO/LUSA
José Maria Pereira Neves, intervém durante a cerimónia da sua tomada de posse no Salão Nobre “Abílio Duarte”, Assembleia Nacional de Cabo Verde, 9 de novembro. ELTON MONTEIRO/LUSA

Da Redação com Lusa

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, declarou que o centenário do nascimento de Amílcar Cabral é uma questão de Estado e garantiu o envolvimento de todos nessas comemorações dentro de dois anos.

“Comemorar Cabral, que foi um dos principais obreiros da independência, é uma questão de Cabo Verde, da República e, portanto, estaremos todos envolvidos neste processo”, garantiu o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, na cidade da Praia, no dia em que se assinala mais um aniversario do nascimento de Amílcar Cabral (1924).

O presidente da Fundação Amílcar Cabral, o antigo chefe de Estado cabo-verdiano Pedro Pires, tem insistido na necessidade de as comemorações do centenário serem uma “questão de Estado”.

O atual Presidente da República disse que os 100 anos do nascimento de Cabral é um “momento importante” para refletir sobre o futuro de Cabo Verde e sobre como os cabo-verdianos veem o país hoje.

“Cabral deu um contributo enorme para a libertação, depois demos o salto na democratização do país e agora precisamos, para cumprir Cabral, dar o grande salto na transformação e na modernização do país”, defendeu.

Nas jornadas de reflexão sobre o futuro de Cabo Verde, Neves disse que é preciso envolver todos, sobretudo a sociedade civil, todas as instituições, os cabo-verdianos no seu todo, nas ilhas e na diáspora.

“Amílcar Cabral é um pouco uma fonte de inspiração. Então, agora que ele completaria 98 anos e do seu nascimento, é tempo de, inspirando-se nele, podermos procurar responder aos desafios dos tempos de hoje”, insistiu.

Entre os desafios dos tempos de hoje, José Maria Neves apontou a seca, escassez da água, desertificação, combate à erosão, combate às mudanças climáticas.

“E também pensar um pouco, ele que foi engenheiro agrônomo, como teremos de fazer face à problemática que temos neste momento, que é a insegurança alimentar”, apontou.

“África precisa dar o salto e precisa produzir alimentos suficientes para a sua população. Tem condições para isso, tem terra arável, que tem uma riqueza natural extraordinária, tem muita água e tem muitas capacidades humanas para fazer isso”, salientou.

Em relação a Cabo Verde, disse que Cabral deve levar todos a refletir sobre os desafios de hoje para se encontrar as melhores respostas e poder continuar a transformar, a modernizar e a criar as condições para cumprir os seus sonhos, que é a maior dignidade e melhores condições de vida para todas e todos.

Fundador do então Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que em Cabo Verde deu lugar ao Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), e líder dos movimentos independentistas nos dois países, Amílcar Cabral foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, em Conacri.

Além do centenário, a fundação está a trabalhar num projeto de inscrição dos escritos de Amílcar Cabral no programa “Memória do Mundo” da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), estabelecido em 1992 com o objetivo de contribuir para a preservação do patrimônio documental mundial.

A fundação, que tem como missão a preservação da obra e memória do seu patrono, criou em 2015 o espaço museológico Sala-Museu Amílcar Cabral, onde pretende dar a conhecer às gerações mais novas e aos turistas que visitam a cidade da Praia a história da luta de libertação liderada por Cabral.

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