Da Redação
Com Lusa
O ministro da Saúde cabo-verdiano disse que Cabo Verde não registra casos autóctones de doenças transmitidas por mosquitos há quase dois anos, mas pediu esforços redobrados devido à localização do país.
Arlindo do Rosário falava aos jornalistas no âmbito do dia mundial de luta contra o paludismo, numa iniciativa realizada na Escola Secundária Regina Silva, na cidade da Praia.
Questionado sobre o ponto de situação das doenças transmitidas por mosquitos, o ministro informou que há quase dois anos que não há registo de casos locais de paludismo ou dengue, mas salientou que é preciso todos estarem atentos, por causa da localização geográfica do país.
O ministro notou que Cabo Verde é um país onde a mobilidade é cada vez maior e que o arquipélago está situado “num ponto de cruzamento”, sendo um deles a América do Sul, mais concretamente do Brasil, que tem tido casos de dengue e febre amarela.
Referiu também a sub-região africana, onde há registo de epidemias e onde o paludismo é um grande problema de saúde pública, atingindo muitas pessoas e causando muitas mortes.
“Não estamos aqui para celebrar o caminho percorrido até agora, estamos fundamentalmente a chamar a atenção para redobrarmos os esforços para esse envolvimento que tem sido registado até agora, com a comunidade e com os vários parceiros, que continue, porque há ainda um caminho longo a ser percorrido e não podemos, de forma nenhuma, baixar os braços”, apelou.
No caso concreto da luta contra o paludismo, ministro destacou o “trabalho extraordinário” de várias organizações, indicando que há mais de um ano que Cabo Verde não regista qualquer caso autóctone e que está no bom caminho para eliminar a doença no próximo ano.
“Vamos precisar de três anos sem nenhum caso para atingirmos a meta, mas estamos seguros de que com este extraordinário trabalho que vem sendo realizado pelos técnicos de saúde, mas também em parceria com as câmaras municipais, com as organizações não-governamentais, com parceiros nacionais e internacionais, estamos seguros de que é possível sim atingirmos a meta de eliminação do paludismo em Cabo Verde em 2020”, traçou o ministro.
Arlindo do Rosário sublinhou também a contribuição da sociedade civil e da comunidade, considerando que “é fundamental” para essa luta.
“Queremos partilhar os resultados que estamos a ter, que se devem a forte parceria e grande envolvimento da população. Penso que só será possível atingirmos a meta de eliminação em 2020 se a população continuar a colaborar como tem vindo a colaborar, eliminando os focos, os viveiros, trabalhando para que tenhamos um ambiente com melhor saneamento e melhor capacidade para respondermos a esse objetivo”, prosseguiu.
O ministro disse que é preciso continuar o mesmo trabalho com a população, bem como reforçar as capacidades de detenção precoce dos casos, e apelou para a comunicação social continuar a cumprir o seu “papel fundamental”.
Na quarta-feira, o diretor do Programa Nacional de Luta contra o Paludismo (PNLCP) de Cabo Verde, António Moreira, avançou que nos primeiros quatro meses deste ano, o país registou quatro casos da doença, mas todos importados, tal como os 21 contabilizados no ano passado.
Em janeiro de 2017, Cabo Verde foi distinguido pela Aliança de Líderes Africanos contra a Malária (ALMA) com o prémio Excelência 2017, pelos resultados alcançados no combate à doença, mas nos últimos meses do mesmo ano registou uma epidemia, com cerca de 430 casos e duas mortes.