Da Redação
Com Lusa
Cabo Verde prevê investir este ano, através de duas empresas públicas, mais de 5,5 milhões de euros em centrais de dessalinização para reforçar o abastecimento de água potável em localidades das ilhas de Santiago e da Boa Vista.
A previsão consta de um documento de suporte à proposta de Orçamento Retificativo para 2020, que hoje é votada, na generalidade, no parlamento cabo-verdiano, e inclui um investimento de 553 milhões de escudos (cinco milhões de euros) a executar pela empresa pública Águas de Santiago, com garantia do Estado.
Consiste, através de um empréstimo da Caixa Econômica de Cabo Verde e amortização do Fundo do Ambiente durante 10 anos, na instalação de duas unidades de dessalinização de água desativadas, em Santa Catarina (Ribeira da Barca), com capacidade para 1.200 metros cúbicos por dia, e no Tarrafal (Ribeira das Pratas), com capacidade para 1.000 metros cúbicos, ambos na ilha de Santiago.
Um segundo investimento, no valor de 62 milhões de escudos (meio milhão de euros), será executado pela empresa estatal Águas e Energia da Boa Vista (AEB) e financiado igualmente pela Caixa Econômica.
Visa o reforço da distribuição de água dessalinizada no norte da ilha da Boa Vista, com a beneficiação da rede, distribuição fora de rede com autotanque e uma “pequena dessalinizadora”.
A dessalinização é utilizada em Cabo Verde há mais de 50 anos e este investimento surge numa altura em que o país está há três anos consecutivos em seca. Neste cenário, o Governo decretou, no início de janeiro, a situação de emergência hídrica, com limitações ao consumo de água, e aprovou um plano de mitigação, que passa precisamente pelo reforço da capacidade de tratamento de água do mar.
A aquisição de autotanques, instalação de uma nova unidade de dessalinização ou a massificação da irrigação gota a gota integram o pacote de medidas definidas pelo Governo cabo-verdiano para combater este novo ano de seca.
De acordo com uma resolução governamental que entrou em vigor no início deste ano, este plano de mitigação de mais um ano de seca no arquipélago está avaliado em 1.102 milhões de escudos (10 milhões de euros).
À semelhança das duas anteriores, a campanha agrícola 2019/2020 em Cabo Verde caracterizou-se, segundo o documento do Governo, por uma “curta estação de chuvas” e “deficitária em todo o arquipélago”.
Para minimizar este cenário, o plano de intervenção para 2020 distribui-se pela mobilização e gestão de água, com 358 milhões de escudos (3,2 milhões de euros); pelo reforço da produção agrossilvopastoril e proteção de ecossistemas terrestres, com 305,6 milhões de escudos (2,8 milhões de euros); e com o reforço da resiliência das famílias, mobilizando 439 milhões de escudos (cerca de quatro milhões de euros).
Cabo Verde regista um acumulado de 1.553 casos de covid-19 diagnosticados desde 19 de março, com 19 óbitos, mas 729 já foram considerados recuperados.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 551 mil mortos e infetou mais de 12,12 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.