Da Redação
Com Lusa
Cabo Verde estima receber 3,15 milhões de turistas até 2030, mas para isso promete remover “alguns obstáculos”, ligados sobretudo aos preços dos transportes, infraestruturas, segurança e diversificação das ofertas e dos mercados.
A meta consta das Grandes Opções do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Turismo no horizonte 2030, um documento elaborado pelo Governo após serem recolhidos subsídios em várias mesas redondas realizadas em quase todas as ilhas do país.
O plano estratégico, apresentado pelo diretor-geral do Turismo, Carlos Jorge Anjos, traça vários cenários para o setor nos próximos anos, mas o Governo pretende focar as medidas no cenário otimista moderado, considerado o “mais provável”.
O país prevê receber 3,15 milhões de turistas até 2030, gerar mais de 30 mil empregos e receitas com a taxa turística a chegar aos 4,4 mil milhões de escudos (40 milhões de euros).
Do total de turistas estimados para entrar até 2030, o plano estratégico, apresentado no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Turismo, que se celebra hoje, prevê que o Sal e a Boavista recebem dois milhões de turistas e as outras ilhas 1,15 milhões.
“Para efeitos de planificação, visando o desenvolvimento do turismo sustentável, as medidas a serem implementadas deverão ser baseadas sobre o cenário otimista moderado, sem prejuízos de se poder ajustar aos outros cenários”, afirmou Carlos Jorge Anjos.
No ano passado, Cabo Verde recebeu 640 mil turistas, um crescimento de 15%, e o diretor-geral do Turismo avançou que nos dois primeiros trimestres deste ano foram quase 400 mil.
Carlos Jorge Anjos referiu que, tendo em conta que é no último trimestre do ano que o país contabiliza mais entradas, até final de 2017 possa chegar aos 800 mil turistas.
Em 2021, no final da atual legislatura, o Governo liderado por Ulisses Correia e Silva estima receber 1,14 milhões de turistas.
Para atingir esses números, o Governo promete remover “alguns obstáculos”, ligados sobretudo aos preços dos transportes para a mobilidade, infraestruturas e segurança.
Também pretende diversificar o mercado emissor, além de Portugal, Reino Unido, França e Alemanha, que juntos enviam mais de metade dos turistas ao país.
Durante a apresentação, o diretor-geral informou que o país já começou a receber turistas da Rússia e da República Checa, mas quer atrair outros mercados, como a China, Brasil, Estados Unidos ou Espanha.
O plano estratégico recomenda, entre outras pontos, que o aumento de turistas no arquipélago tenha benefícios para a população, que as receitas sejam distribuídas de forma equitativa, que hajam incentivos à produção e consumo de produtos locais e que o turismo seja inclusivo.
Em declaração aos jornalistas, o ministro da Economia e Emprego, José Gonçalves, disse esperar que o turismo em Cabo Verde seja sustentável, que cria empregos e riqueza, desenvolve o património cultural e ambiental e seja um recurso “renovável e não esgotável”.
Para o próximo ano, o ministro indicou que um dos grandes desafios do país será encontrar uma “solução adequada” para os transportes marítimos, à semelhança, avançou, da que foi encontrada para os transportes aéreos.
A companhia pública TACV está em processo de reestruturação, com vista à privatização do negócio internacional, e a Binter iniciou em agosto o exclusivo dos voos domésticos, após saída da transportadora cabo-verdiana.
José Gonçalves apontou outras medidas que poderão fazer aumentar a entrada de turistas, como a isenção de vistos para cidadãos da União Europeia e Reino Unido, a automatização na entrada nas fronteiras, implementação do projeto Cidade Segura ou a requalificação urbana.
As Grandes opções do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Cabo Verde até 2030, o primeiro documento do gênero realizado pelo país, foram socializadas com parceiros e serão agora partilhadas com a sociedade para recolha de mais subsídios.