Da Redação
Com Lusa
A ministra das Infraestruturas e Economia Marítima de Cabo Verde, Sara Lopes, confirmou à Lusa que a transportadora aérea de bandeira cabo-verdiana TACV e a empresa de gestão portuária ENAPOR “deverão ser privatizadas até meados de 2015”.
“O Governo já criou uma unidade de privatizações no Ministério das Finanças e já está a trabalhar e a preparar os dossiers. Deverão ser privatizadas até meados de 2015. A ENAPOR está muito mais avançada e estamos num processo negocial que deve ser concluído o mais rapidamente quanto possível num processo de eventual ajuste direto”, disse Sara Lopes.
A governante falava à Lusa no final do Ciclo de Tertúlias `Cabo Verde em Debate`, intitulada “Investimento Público e Infraestruturação de Cabo Verde: Implicância e Aplicabilidade”, organizado pela comunidade cabo-verdiana residente em Portugal.
O plano de privatização da TACV, uma das poucas companhias africanas que voa para os Estados Unidos e para diversos destinos da Europa, foi estabelecido em 2002, mas o Governo considera que “não foi possível ainda conseguir a privatização da empresa, tendo em conta a sua situação econômica e financeira”.
De acordo com a titular da pasta das Infraestruturas e Economia Marítima, as autoridades cabo-verdianas têm várias manifestações de interesse “em relação à TACV” e também “há várias empresas de vários países interessados nos portos” cabo-verdianos, nomeadamente Portugal, Holanda, Turquia e França.
Quanto à ENAPOR, “se não se chegar a um entendimento, provavelmente iremos abrir concursos já no início do ano para a privatização dos portos. É o dossier que está mais avançado”, disse Sara Lopes.
“Já temos todos os instrumentos concluídos e iniciamos um processo de negociação com um grupo internacional que pretende cumprir aquilo que Cabo Verde quer com os portos: transformá-los em plataformas de distribuição de mercadorias”, adiantou a governante.
“E para isso não queremos apenas alguém que saiba gerir portos. Precisamos de um parceiro que saiba gerir portos e tenha participação nas empresas de `ship lines` e seja capaz de trazer as operadoras de `shipping` para Cabo Verde, mas, essencialmente, que tenha capacidade de gerar carga, estar na indústria, que pode fazer de Cabo Verde, de fato, um entreposto”, afirmou .
De acordo com a ministra, a negociação direta “deve decorrer até dezembro”. “Se até dezembro não chegarmos ao entendimento sobre o que Cabo Verde quer, vamos abrir um processo de concurso internacional e para isso estamos a ser apoiados pelo Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Mundial e países amigos que já fizeram este percurso e que estão a disponibilizar a assistência técnica”, assegurou.
Durante o debate, a governante reconheceu, por outro lado, que “as contas da TACV não são boas”, tal como “toda a gente sabe”, e futuramente a companhia terá “que ser gerida por profissionais altamente especializados”.
“É preferir que estejam nas mãos do privado. Já começamos. Separamos as várias atividades de (Cabo Verde) Handling”, empresa que assegura a assistência em terra a aeronaves, passageiros, bagagem, carga e correio da TACV, exemplificou Sara Lopes.