Cabo Verde: Comunidade de São Paulo é exemplo para diáspora

Caboverdianos do Brasil recebem visita do presidente e técnico do Instituto das Comunidades, órgão oficial do governo de Cabo Verde.

De Vanessa Sene

Pela primeira vez, representantes do Instituto das Comunidades, do governo de Cabo Verde, esteve visitando a sede da Associação Caboverdiana do Brasil, em Santo André, no ABC Paulista.

Para a recepção dos representantes, a associação reuniu a comunidade num típico almoço caboverdiano, no domingo 18 de junho, num evento que contou com telão para assistir ao jogo do Brasil contra a Austrália.

A associação já recebeu ajuda financeira do Instituto das Comunidades para reestruturação de sua sede. Hoje, esta representação da comunidade no Estado necessita apenas de informações e materiais para desenvolver projetos no âmbito cultural. “A função deles também é sentir como está a comunidade. Eles foram a algumas residências para poder ver como vivem alguns caboverdianos no Brasil, e poder levar um feedback para Cabo Verde” disse ao Mundo Lusíada o presidente da associação, Rogério Santos.

Álvaro Apolo da Luz Pereira, presidente do Instituto das Comunidades – órgão que pertence ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades de Cabo Verde – esteve acompanhado do técnico superior do instituto, Paulo Medina.

De acordo com o presidente Álvaro Luz, a comunidade caboverdiana em São Paulo está “muito bem integrada”, referindo-se a mesma como “um exemplo raro em toda diáspora caboverdiana”. “Os jovens descendentes querem saber mais das suas origens, das suas raízes. Portanto, temos que ver o que se pode fazer a nível de informação.

Penso que os jovens descendentes querem mais cultura para reforçar os laços identitários com Cabo Verde” afirmou Álvaro Luz, sugerindo ainda que a associação selecionasse co-autores para um espaço no programa semanal de rádio de Cabo Verde, voltado à diáspora, que é retransmitido através de rádios comunitárias.

O órgão pôde constatar que a verba destinada à construção foi bem empregada, de acordo com presidente Álvaro. E o interesse dos descendentes impressionou. “Eu, francamente, estou muito contente, acho que esta é das associações mais vivas que eu já conheci em toda diáspora” afirmou o presidente, quem elogiou ainda o dirigente da associação José Augusto do Rosário. “Temos sorte de ter líderes da altura do Zé Augusto, que não é fácil de encontrar. É uma pessoa interveniente na comunidade, que também conseguiu abrir os canais com a sociedade brasileira”.

Para o técnico superior do IC, Paulo Medica, os jovens caboverdianos atravessam o Atlântico procurando graduação e experiência. “Para além da formação acadêmica, eles querem novas experiências, fazer intercâmbio com os jovens daqui. O Brasil é um país que tem muita aproximação em termos culturais, históricos. E em Cabo Verde, os jovens sempre sonham em vir cá estudar” afirmou ao Mundo Lusíada.

A intenção do projeto de intercâmbio entre os dois países é oferecer formação aos estudantes caboverdianos para que, ao retornar a Cabo Verde, contribuam para o desenvolvimento do país.

O Instituto

O governo de Cabo Verde mantém o Instituto das Comunidades com intuito de reunir informações sobre a situação dos residentes no estrangeiro. “É um desafio muito grande para nós criar este instituto, que nasceu com esse governo, e que tem um olhar para fora, ou seja, como apoiar nossas comunidades no dia-a-dia de integração” explicou Álvaro Luz. O instituto do governo vai comemorar cinco anos em setembro.

O trabaho do IC dá preferência às comunidades caboverdianas na África, como em São Tomé, Moçambique e Guiné-Bissau. Situações “catastróficas”, como de caboverdianos a viverem com um dolár/dia, faz com que o órgão dê particular atenção. Ainda segundo os representantes, as comunidades na Europa e nas Américas necessitam sobretudo de formação cultural, e não apoio assistencial.

O instituto não tem outras representações fora da Praia, Cabo Verde, portanto o movimento associativo é a “âncora” e o grande parceiro do órgão oficial. “Temos apoiado vários projetos no sentido de reforço institucional das associações na Europa, nas Américas e África” afirmou o presidente.

Rogério Santos, o brasileiro que preside atualmente a Associação Caboverdiana do Brasil, concorda. “Para Cabo Verde, o imigrante é importante porque a maior parte da população está emigrada”.

O país, que tem cerca de 430 mil habitantes, tenta acompanhar a realidade de cerca de 1 milhão de caboverdianos a residirem em 26 países, fora do arquipélago.

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