Da Redação
Com Lusa
Os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais de domingo em Cabo Verde continuam sem alteração desde as 00:25 de hoje (02:25 em Lisboa), situação explicada oficialmente pelo atraso no envio dos dados para a base central.
Fonte da Direção Geral de Apoio ao Processo Eleitoral (DGAPE), entidade encarregada da divulgação dos resultados da votação, indicou à Agência Lusa que há atrasos no envio das atas de vários pontos do país e sobretudo da diáspora, situações que estão a ser ultrapassadas aos poucos.
Questionada sobre a razão das alterações sistemáticas, registadas domingo à noite na base de dados pública, a fonte indicou que, a dado passo, foram encontradas “algumas discrepâncias” entre os números divulgados oficialmente e os constantes das atas, exemplificando com o caso do Sal, em que, a determinada altura, havia mais votos do que o total de inscritos.
As “anomalias” estão a ser corrigidas, mas a fonte não avançou uma hora ou mesmo data para o reinício da contagem, que terá de ser novamente feita pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que, por sua vez, terá 48 horas para aprovar os resultados junto do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), com competências de Tribunal Constitucional (TC).
Segundo os dados oficiais, contados os votos de 87,9% das assembleias em Cabo Verde, está confirmada uma segunda volta para se eleger o quarto presidente da História do arquipélago em 36 anos de independência.
Estão apurados os votos de 976 das 1110 mesas de voto no arquipélago e na diáspora (faltam 134), que apontam Jorge Carlos Fonseca e Manuel Inocêncio Sousa na disputa do segundo turno, a realizar-se a 21 deste mês e cuja campanha começa na próxima quinta-feira.
À hora do “congelamento” da DGAPE, Jorge Carlos Fonseca, apoiado pelo Movimento para a Democracia (MpD), lidera com 37,4% dos votos, seguido por Manuel Inocêncio Sousa, sustentado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder), com 33,3%.
O independente Aristides Lima está na terceira posição, com 25,9%, mas durante a madrugada anunciou uma discrepância de 8% do seu resultado, e Joaquim Jaime Monteiro, também independente, nos 2,1%. A abstenção situa-se, nesta altura, em 47,9%. O total de votos brancos é de 907 (0,7%) e os nulos 864 (0,6%).
Aristides Lima ganha em Portugal
Aristides Lima venceu a votação, em Portugal, para as eleições presidenciais cabo-verdianas, apesar de, na contagem de todos os círculos, figurar na terceira posição a distância considerável de Jorge Carlos Fonseca e Manuel Inocêncio Sousa.
Segundo os dados oficiais, dos 13.226 eleitores cabo-verdianos inscritos em Portugal, apenas votaram 2.715, o que corresponde a uma taxa de participação de apenas de 20,5% – registaram-se 26 votos nulos (0,9%), 22 brancos (0,8%).
Aristides Lima, independente, obteve 944 votos (34,7 por cento), à frente de Jorge Carlos Fonseca (apoiado pelo MpD, oposição), com 899 votos (33,1 por cento), e de Manuel Inocêncio Sousa (sustentado pelo PAICV, no poder), com 786 votos (28,9 por cento). Joaquim Jaime Monteiro, independente, quedou-se pelos 36 votos (1,3 por cento).
Oficialmente, aguarda-se pelos resultados das presidenciais cabo-verdianas de domingo realizadas em Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, quando já estão contabilizados pelo CNE mais de 70% dos votos, que dão vantagem a Jorge Carlos Fonseca e Inocêncio de Sousa.
2º Turno: Inocêncio conta com “aumento significativo de votos”
Manuel Inocêncio, que prevê disputar com Jorge Carlos Fonseca o segundo turno das eleições presidenciais cabo-verdianas, disse contar com um “aumento significativo” de votos, nomeadamente vindos da abstenção e das candidaturas vencidas.
Numa declaração já depois da 01:00 (03:00 em Lisboa), o candidato apoiado pelo partido no poder (PAICV) não explicou se vai pedir o apoio de Aristides Lima, candidato da mesma área política e que, segundo os resultados disponíveis, não passou ao segundo turno das eleições.
“Vou estar aberto ao diálogo com todos, como estive sempre”, disse o candidato, que tinha começado por felicitar não só o povo cabo-verdiano mas também Jorge Carlos Fonseca, que é apontado como vencedor das eleições, e Aristides Lima, “pelo contributo que deu, valorizando a democracia”, e Joaquim Monteiro, pelo esforço e “ousadia”.
Para as próximas semanas garante “continuar a relação de proximidade com as pessoas”, e não se considera um perdedor, porque está na segunda volta e ainda “há uma segunda parte para jogar”. “Espero poder crescer com o diálogo”, disse, desejando um segundo turno mais participativo.
Para ganhar, Manuel Inocêncio está a pensar “nos milhares de votantes que não votaram” mas também nos “30 mil que votaram em Aristides Lima” e nos “2500 que votaram em Joaquim Monteiro”. “Há um mercado eleitoral vasto para conquistar, há um enorme espaço de crescimento e é esse o trabalho que vamos ter de fazer”, disse.
No país, os votos estão assim distribuídos:
Jorge Carlos Fonseca: 51.723 (37,4%)
Manuel Inocêncio Sousa: 45.952 (33,3%)
Aristides Lima: 35.716 (25,9%)
Joaquim Jaime Monteiro: 2.848 (2,1%)
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