Da Redação
Com Lusa
A Cabo Verde Airlines transportou 10.100 passageiros em 48 voos semanais realizados em dezembro para 12 destinos internacionais, segundo dados revelados no parlamento cabo-verdiano pelo ministro do Turismo e Transportes, José Gonçalves.
Os números foram apresentados aos deputados pelo governante para justificar a opção de privatização, em março de 2019, da então estatal Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), que operava apenas com um Boeing e dois ATR, face aos atuais seis Boeing da Cabo Verde Airlines.
“Para além de ganhos comerciais, esta solução trouxe também enormes ganhos financeiros para o país”, enfatizou, aludindo aos mais de 3.000 milhões de escudos (27 milhões de euros) com que o Estado subsidiava a TACV, “para manter um Boeing e dois ATR a voarem, enquanto o país ficava refém, sem ajuda orçamental dos parceiros durante anos, até resolver definitivamente este enorme problema”.
A intervenção marcou a abertura, esta manhã, da primeira sessão plenária da Assembleia Nacional de Cabo Verde em 2020, tendo o ministro do Turismo e Transportes sido indicado pelo grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) para o instituto de debates com ministros, previsto no regimento parlamentar.
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação. Foi ainda prevista a venda de 10% da companhia a trabalhadores e emigrantes e os 39% restantes por outros investidores.
Para o Governo cabo-verdiano, a alternativa à privatização seria a sua liquidação, a qual custaria mais de 181 milhões de euros.
No parlamento, o governante sublinhou os 10.100 passageiros transportados por semana, em dezembro, pela companhia cabo-verdiana, que após a privatização deixou as ligações aéreas domésticas para se concentrar nas ligações internacionais e no ‘hub’ instalado na ilha do Sal: “É evidente que o ‘hub’ aéreo está em franca expansão”.
Em dezembro passado, a administração da Cabo Verde Airlines anunciou à Lusa que aumentou para quase 200.000 passageiros transportados nos primeiros oito meses, após o processo de privatização que levou à venda de 51% do capital social da antiga TACV a investidores islandeses.
Os números traduzem-se num crescimento de 85,4% do total de passageiros transportados, face ao mesmo período de 2018.
Entre março e outubro de 2018, a então TACV transportou 107.027 passageiros, enquanto que em igual período deste ano, a agora Cabo Verde Airlines registou 198.457 passageiros.
A frota atual da companhia é composta por Boeing 757-200, garantindo ligações do arquipélago para, nomeadamente, Dacar, Lisboa, Paris, Milão, Roma, Boston, Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Salvador, Lagos e Washington.
De acordo com a administração, a companhia perspetiva viajar para Luanda (Angola), bem como outros destinos na África Ocidental, para outras cidades de Portugal, incluindo o Porto, e para Toronto (Canadá).
A estratégia da companhia passa pela instalação, em curso, do ‘hub’ aéreo no aeroporto internacional Amílcar Cabral, Espargos, na ilha do Sal, fazendo a interligação entre voos da África, Europa, Estados Unidos e Brasil.
A Lusa noticiou anteriormente que a Cabo Verde Airlines prevê faturar quase 82 milhões de euros este ano, valor que espera quintuplicar até 2023, para 422 milhões de euros, segundo as projeções da companhia aérea, conforme informação institucional preparada no âmbito da venda de 7,65% do capital social aos emigrantes, concretizada em dezembro.
De acordo com os mesmos dados, a administração da companhia prevê faturar mais de 9.015 milhões de escudos (81,9 milhões de euros) em 2019, valor que deverá subir para 23.473 milhões de escudos (213,2 milhões de euros) em 2020 e para mais de 46.450 milhões de escudos (422 milhões de euros) em 2023.