Mundo Lusíada
Com Lusa
O Estado português vai garantir o regresso ao país de 42 portugueses residentes nas ilhas de Saint-Barthélemy, Saint-Martin e Guadalupe, nas Caraíbas, atingidas pelo furacão Irma, segundo o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.
José Luís Carneiro adiantou que o Estado português fretou uma embarcação para transportar 28 portugueses residentes em Saint-Barthélemy e outros dois em Saint-Martin, em direção à ilha de Guadalupe, onde existe um aeroporto internacional em condições de operar, já que as infraestruturas de mobilidade e comunicações nas outras duas ilhas ficaram destruídas.
O voo saiu pelas 14:45 de 11 de setembro, de Lisboa em direção ao Montijo e em seguida para Cabo Verde. Depois de uma paragem em Cabo Verde, chega a Base Aérea de Belém do Pará (Brasil). De acordo com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, aguardará que os portugueses que saíram das ilhas atingidas cheguem de barco a Guadalupe. E será daquela ilha das Caraíbas que a aeronave irá resgatar os portugueses. O voo está ao cargo da Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa.
“São essencialmente familiares, mulheres e filhos, de portugueses que trabalham nestas ilhas, e que, na sua maioria, querem ficar” ali, referiu o governante com a tutela dos emigrantes. “A proposta foi formalizada pelo gabinete de emergência consular e pelo diretor-geral dos Assuntos Consulares. Eu dei o meu acordo, o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros concordou, em diálogo com o senhor primeiro-ministro. Será feita uma comunicação ao ministério da Defesa para acionar estes meios”, referiu.
No âmbito do pedido de apoio da unidade de crise da União Europeia, o Estado português vai procurar transportar também cidadãos espanhóis e romenos, “desde que haja condições” para tal.
O secretário de Estado indicou que, na sequência de contactos de autarquias de várias regiões do país e de familiares e amigos, o Governo conseguiu chegar à fala com “134 portugueses” residentes nestas ilhas.
Em relação a outras zonas atingidas pelo furacão Irma, José Luís Carneiro referiu que as autoridades portuguesas estão a acompanhar “os efeitos graves” na Florida, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Geórgia, nos Estado Unidos.
Os cidadãos que necessitem de informações devem encaminhar os seus pedidos para a embaixada ou para os consulados portugueses, nomeadamente o consulado-honorário de Palm Coast, que “está disponível 24 horas”, apelou o secretário de Estado. Na Florida, há 70 mil portugueses inscritos nos serviços consulares.
Sobre Cuba, José Luís Carneiro referiu que um grupo de 260 turistas portugueses foi transportado para locais mais seguros, mas “ainda não é possível fazer contactos” com este país, porque “falharam as comunicações e a eletricidade e há vias que estão intransitáveis”.
O governante insistiu que os portugueses devem encaminhar os seus pedidos para os consulados ou para o gabinete de emergência consular (através dos números de telefone 21 792 97 14 ou 961 706 472 ou do endereço [email protected]) e devem também descarregar para os dispositivos móveis a plataforma gratuita Registo Viajante, que permite acionar pedidos de apoio e receber informação.
José Luís Carneiro disse ainda que um grupo de 300 portugueses ficou retido na Jamaica devido a problemas no aeroporto, “que ficou incomunicável”, mas o problema não teve a ver com os furacões que atingiram a região. “Este grupo encontra-se bem e regressará regularmente em transporte comercial, no seguimento das condições previstas no acordo com as respetivas companhias de turismo”, disse, afirmando que esse regresso a Portugal poderá ocorrer dois ou três dias depois da data inicialmente prevista.
Operação até domingo
A operação de retirada dos portugueses nas Caraíbas que solicitaram apoio pode prolongar-se até domingo, avisou o secretário de Estado das Comunidades, que se desloca hoje a Guadalupe.
Já chegaram “seis adultos e seis crianças” com residência em Vila Verde e Braga, que vieram via Paris e já estão no Porto, explicou José Luís Carneiro, salientando que as autoridades nacionais suportaram a viagem entre França e Portugal, cabendo o resto à cooperação europeia.
Em Saint-Martin (São Martinho, uma possessão dividida por franceses e holandeses nas Antilhas), uma das ilhas mais atingidas pelo furacão, está um grupo de 16 portugueses que deve “sair num avião alemão”, no âmbito das parcerias da União Europeia.
A pista naquela ilha é muito pequena e só podem operar aviões de pequeno porte pelo que o C-130 português que foi colocado pela Força Aérea ao serviço destas operações de resgate irá fazer o transporte a partir de Guadalupe.
“Estamos preparados para um grupo de meia centena de portugueses em Gudalupe”, vindos principalmente de Saint-Martin e Saint Barthélemy (São Bartolomeu).
Em São Bartolomeu existe uma forte comunidade portuguesa que recebeu recomendações para se deslocar para a colônia francesa de Guadalupe. “Sabemos que muitos estão a vir ainda e vamos aguardar. Quando tivermos as coisas organizadas, o nosso avião irá buscá-las”, explicou o secretário de Estado.
O avião português está em Belém do Pará a aguardar instruções para se deslocar para o local. Caso existam mais portugueses que a capacidade do C-130, a Secretaria de Estado das Comunidades está em contato com operadores parceiros da TAP para fazer o transporte via voos comerciais.
“Além do apoio da secretária de Estado da Defesa para o nosso avião, falámos com a secretaria de Infraestruturas que estão a ajudar-nos no que precisarmos”, explicou José Luís Carneiro.
O balanço da passagem do furacão Irma pelas Caraíbas foi um dos mais graves na história recente da região, com o registo pelo menos 40 vítimas mortais. O Irma – qualificado pela Organização Mundial de Meteorologia como o furacão mais forte de sempre no Atlântico – enfraqueceu na segunda-feira ao atravessar o estado norte-americano da Flórida, perdendo a designação de furacão e passando a ser classificado como tempestade tropical.