Bruxelas contraria previsões do Governo para 2015 e Passos cita “ponto de honra”

Da Redação
Com Lusa

PassosCoelho_PrimeiroMinistroBruxelas prevê que a economia portuguesa cresça apenas 1,3% em 2015, abaixo dos 1,5% previstos pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano entregue no dia 15 de outubro na Assembleia da República.

De acordo com Bruxelas, Portugal deve ter um déficit de 3,3% do PIB em 2015, acima dos 2,7% inscritos pelo Governo na proposta de Orçamento, o que a concretizar-se manterá o país sujeito a um Procedimento de Déficit Excessivo.

O presidente do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, assumiu em 03 de novembro como “ponto de honra” tirar Portugal do procedimento por déficit excessivo em 2015, afirmando que o Governo adotará “uma estratégia que garanta” esse objetivo.

Pedro Passos Coelho contestou desta forma as “profecias e previsões que possam aparecer” e que “lancem dúvidas” sobre a redução do déficit orçamental para menos de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano – a meta inscrita no Orçamento do Estado para 2015 é 2,7%, e anteriormente esteve prevista uma redução para 2,5%.

“Quero aqui reafirmar que é para nós um ponto de honra tirar Portugal do déficit excessivo em 2015. É um ponto de honra”, declarou o primeiro-ministro. “O Governo nunca deixará de adotar uma estratégia que garanta que em 2015 nós vamos sair do défice excessivo. Esse é um compromisso com a responsabilidade com que fomos eleitos e que devolvemos aos portugueses”, acrescentou.

Também a ministra portuguesa das Finanças Maria Luís Albuquerque desvalorizou as previsões das organizações internacionais que colocam o déficit do próximo ano acima dos 3% e garante que não há razão para alterar a meta dos 2,7% fixada pelo governo.

Europa
A Comissão Europeia reviu em baixa as previsões de retomada da economia europeia, estimando que este ano cresça apenas 0,8% na zona euro e 1,3% no conjunto da UE, crescimento que se manterá “lento” em 2015.

De acordo com as previsões econômicas divulgadas pelo executivo comunitário, no próximo ano a economia crescerá 1,1% na zona euro e 1,5% na UE, quando, em maio passado, por ocasião das previsões da primavera, Bruxelas previa valores superiores a estes já para 2014 (1,2% e 1,6%, respectivamente), que se reforçariam em 2015 (1,7% e 2,0%).

Nas previsões agora atualizadas, a Comissão reconhece que “a confiança é menor que na primavera, como reflexo de riscos geopolíticos crescentes e perspectivas econômicas mundiais menos favoráveis”, e que a retoma da economia europeia é fraca, “em comparação com outras economias avançadas e tendo em conta outros exemplos históricos de retomas após crises financeiras”, embora estas se caracterizem por ser lentas e frágeis.

Bruxelas acredita, no entanto, que o crescimento econômico se intensifique em 2016, para crescimentos de 1,7% na zona euro e 2,0% na UE, fruto das medidas já tomadas pelo Banco Central Europeu com vista a reduzir as incertezas sobre a solidez do setor bancário e a melhorar as condições de financiamento, associadas a uma maior procura, a uma melhoria das condições do mercado de trabalho, também reflexo das reformas estruturais entretanto levadas a cabo.

No entanto, a Comissão reconhece também que estas previsões poderão vir a sofrer nova revisão em baixa, face aos riscos ligados a “tensões geopolíticas, fragilidade dos mercados financeiros e implementação incompleta das reformas estruturais”.

Num primeiro comentário a estas novas previsões, o vice-presidente da nova “Comissão Juncker” responsável pelo Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade, Jyrki Katainen, admitiu que “a situação econômica e de emprego não está a evoluir de forma suficientemente rápida”, e garantiu que Bruxelas tudo fará para acelerar o investimento, que considera a “chave” para uma retoma efetiva.

Já o novo comissário europeu dos Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, comentou que não há uma resposta única, simples para os desafios que a Europa enfrenta, sendo necessário atuar em três frentes: “políticas orçamentais credíveis, reformas estruturais ambiciosas e investimento, muito necessário, tanto público como privado”.

“Temos todos de assumir as nossas responsabilidades, em Bruxelas, nas capitais nacionais e nas nossas regiões, para gerar um maior crescimento e proporcionar um aumento real do emprego para os nossos cidadãos”, afirmou o comissário francês.

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