Da Redação
Com Lusa
O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou que o país “fez o que tinha a fazer” face à saída do Reino Unido da União Europeia, encontrando-se preparado para o “pior cenário”.
“Portugal fez o que tinha a fazer, ajustou, falou com o Reino Unido, sempre no quadro da União Europeia, votou a lei, eu promulguei a lei imediatamente. Estamos preparados para as relações bilaterais no pior cenário, mas é um péssimo cenário”, disse o chefe de Estado aos jornalistas na Azambuja, distrito de Lisboa.
O Presidente da República lembrou que “o Conselho Europeu está convocado para o dia 10 de abril, para analisar a situação criada”, mas apontou que está muito próximo o “risco de uma saída sem acordo”. Acrescentou: “Vamos ver se ainda é possível encontrar, mas tem de ser do lado dos britânicos, algum sinal que justifique qualquer outra compreensão da União Europeia. Há muito pouco tempo, são dez dias, nada permite concluir que haja esse sinal”.
Para Marcelo, será “péssimo” se se vier a verificar uma “rutura sem acordo”, mas “se houver o sinal, a União Europeia provavelmente, como fez até agora, dará um sinal de compreensão”. “É preciso que venha um sinal do Reino Unido”, insistiu.
Questionado se a União Europeia seria tão compreensiva, como tem sido com o Reino Unido, se fosse Portugal a querer deixar a Europa, o Presidente advogou que no “primeiro momento em que se coloque o problema de uma saída, em que todos compreendem o que é que isso significa” com “qualquer Estado haveria a mesma preocupação e a mesma compreensão”.
Marcelo Rebelo de Sousa notou também que tal se deve à “unidade que se formou na União Europeia” depois do ‘Brexit’, mesmo os países tendo “posições políticas muito diferentes, pensando coisas diferentes sobre as migrações, sobre os refugiados, sobre a política econômica e financeira, sobre a política externa da União”.
Por isso, na opinião do chefe de Estado português, uma situação como o Brexit “é irrepetível, ninguém mais pode voltar a repetir uma situação destas”, e acrescentou que “nesta situação, temos de estar muito unidos, porque está em causa a sobrevivência da União e ninguém gosta de se suicidar”.
No dia 29, os deputados britânicos rejeitaram por 58 votos, agora pela terceira vez, o Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia (UE), abrindo as portas a um ‘Brexit’ sem acordo em 12 de abril.
O Acordo de Saída, de 585 páginas, estabelece os termos da saída do Reino Unido da UE para que se faça de forma ordenada e estabelece um quadro jurídico quando os Tratados e a legislação da UE deixarem de se aplicar ao Reino Unido.
O documento foi chumbado dia 12 de março por 391 votos contra e 242 votos a favor, uma diferença de 149 votos, repetindo o chumbo de janeiro por 432 votos contra e 202 a favor, uma margem histórica de 230 votos.