Brasileiros instalam no sul de Angola 40 fazendas para travar importações de carne

Da Redação
Com Lusa

MinistrosDefesaBrasilAngolaInvestidores brasileiros, em conjunto com o Governo angolano, pretendem instalar 40 fazendas agropecuárias numa área de 200.000 hectares da província do Cuando Cubango, sul de Angola, para travar as importações de carne.

De acordo com a imprensa local, trata-se de um projeto que vai permitir criar no município de Cuchi um total de 240.000 cabeças de gado e abater mensalmente 2.800, para consumo interno.

Resulta de uma parceria com as empresas brasileiras Costa Negócios, Modolax e LM-Grupo, e depois de concluídas as 40 fazendas a sua gestão ficará a cargo do consórcio Bovinos do Sudeste de Angola (BSA).

“Só a importação de carne bovina talvez custe ao país mais de 600 milhões de dólares, agregando a carne de frango são mais 400 milhões de dólares. São 500.000 toneladas de carne”, enfatizou o ministro da Agricultura, Pedro Canga, a propósito do lançamento deste projeto no Cuando Cubango, no sábado.

Angola enfrenta uma grave crise financeira, económica e cambial, decorrente da quebra para metade das receitas com a exportação de petróleo, e enfrenta problemas nas importações de vários produtos alimentares, por falta de divisas.

A Lusa noticiou em julho último que o Governo angolano prevê um investimento de 90,5 mil milhões de kwanzas (514 milhões de euros) até 2018, para aumentar a produção nacional de carne bovina e reduzir as importações, que asseguram 79 por cento das necessidades do país.

De acordo com o conteúdo do Programa Dirigido à Produção de Carne Bovina, aprovado por decreto presidencial de 18 de junho e ao qual a Lusa teve acesso, os investimentos no aumento da produção de carne preveem a importação de 340.509 animais para reprodução e de 1.010.152 animais para recria e engorda, das raças Bonsmara, Simentaller e Brahma.

Angola consumiu em 2014 um total de 129.485 toneladas de carne bovina, mas apenas 27.019 toneladas (21%) de produção nacional, segundo os dados constantes no mesmo documento.

Este programa prevê aumentar a produção nacional de carne em 2016 para 46.833 toneladas e em 2018 para 79.148 toneladas.

No documento que suporta a aplicação deste programa é definido o objetivo de “aumentar a produção e a produtividade interna de carne”, melhorando as condições de produção nas explorações pecuárias empresariais, através da sua especialização na reprodução, cria, recria e engorda animal.

“Considerando que o aumento da produção interna de carne bovina vai contribuir para a diminuição das importações, a criação de novos postos de trabalho e a melhoria da qualidade de vida dos angolanos”, lê-se no preâmbulo do programa que consta do decreto assinado pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

Prevê a mobilização de parceiros e investidores externos para a produção, conservação, distribuição e processamento de carne, bem como a seleção, entre as 142 explorações pecuárias nacionais, das que apresentem condições para concretizar os objetivos do programa.

Angola apresentava em 2015 uma capacidade de abate de 195.360 animais por ano, para um total de 39.072 toneladas de carne.

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