Da Redação
Com Lusa
Edson Neves chegou a Portugal com a má memória de um assalto no Brasil e vontade de abrir um negócio, que culminaria num restaurante japonês em Lisboa, com o mundo presente nos pratos, na decoração e na música.
O brasileiro de 35 anos já tinha criado um hostel no seu país, ideia que esperava reproduzir em Portugal, onde chegou há ano e meio e, para sua surpresa, encontrou muitos negócios deste tipo.
“Trabalhava muito e precisava de um descanso. Fui assaltado no Brasil e não foi fácil”, disse à Lusa o empreendedor que, antes de se aventurar pelos negócios em Portugal, decidiu frequentar um curso de “Apoio à Criação de Negócios”, promovido pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM).
“Fui fazer o curso para encontrar uma área a desenvolver e conhecer o sistema legal, de faturação e como planejar o negócio”, disse.
Ao contrário do que fez no Brasil, onde o negócio foi avançando sem planejamento, desta vez decidiu fazer tudo devidamente projetado.
Chegou à ideia de um restaurante japonês, por considerar que era um campo que ainda podia ser lucrativo, mas não queria que fosse mais um e assim decidiu investir na temakeria (gastronomia japonesa que consiste em sushi envolvido em cone de algas), mas com ingredientes especiais.
Começou por inovar na decoração do restaurante, onde estão presentes todos os elementos e onde cada divisão – incluindo a casa de banho – tem um ambiente próprio.
Na música ambiente também procurou a diferença, tocando duas músicas de cada um dos 32 países que já reuniu, mas o objetivo é ter ritmos de todos os estados do mundo a fazerem-se ouvir.
É no prato que procura ser inovador, apresentando nos seus temakis ingredientes de todas as partes do mundo, como o fiel e tão português bacalhau.
Estava em velocidade cruzeiro para abrir o “SeKai Sushi Bar” quando chegou a pandemia de covid-19 e, confessa, chegou a pensar em desistir.
Não o fez e no dia 25 de agosto abriu as portas, estando agora com o dobro da receita do que planejou para esta altura.
Acredita que o seu restaurante é diferente de todos os que existem em Lisboa e que quem prova quer voltar.
Agora que é um empreendedor em Portugal consegue fazer comparações com o mercado no Brasil, onde existiam “menos taxas para pagar”, mas “muito mais burocracia”.
“Aqui há um pouco mais de benefícios para abrir uma empresa e é mais rápido”, disse.
Hoje, acredita que se não fosse o curso do ACM, provavelmente teria desistido no início da pandemia, mas as orientações que continuou a merecer de um dos professores fê-lo insistir.
A nacionalidade brasileira é a mais presente nestes cursos do Alto-Comissariado para as Migrações e as mulheres são as mais empreendedoras.
Só em 2019, após os cursos foram constituídas 31 empresas e atividades, em áreas como transportes, construção civil, saúde, entre outros (68%) e na restauração (32%).
Entre janeiro e agosto deste ano, e mesmo após o aparecimento da pandemia, foram criados 22 novos negócios e atividades com o apoio e o acompanhamento do ACM.