Da Redação com Lusa
A imigrante brasileira em Portugal acusada por outros brasileiros de burla diz que não existe “nenhuma queixa-crime” e que não cometeu “nenhuma ilegalidade” ao ajudar os seus compatriotas a emigrarem para o país que também escolheu para viver.
“Apenas há denúncias”, sublinhou Jeanne Villela, em declarações à Lusa, respondendo, assim, às queixas de imigrantes brasileiros que a acusam de os ter burlado em milhares de euros, prometendo-lhes em troca casa, carro e documentos quando chegassem a Portugal, onde acabariam por não ter nada no dia em que aterraram em Lisboa.
Jeanne Villela assegurou também que não foi procurada por autoridades portuguesas, apesar das acusações feitas por dois imigrantes à Lusa.
Valdecir Bravo apresentou uma queixa junto do Ministério Público que considerou que “os fatos denunciados poderão ser suscetíveis de integrar o tipo de crime de burla, razão pela qual foi determinada a abertura do inquérito”.
Porém, o despacho referia que, como os pagamentos foram efetuados pelo denunciante no Brasil, o caso excedia a competência do Ministério Público português, remetendo-a para a justiça brasileira. O processo de Valdecir foi, assim, arquivado em Portugal.
Já outra imigrante entrevistada também apresentou queixa na Polícia de Santarém e o processo segue agora na justiça.
Confrontada pela Lusa, Jeanne Villela, imigrante brasileira em Portugal há quase quatro anos, admitiu que ajudava brasileiros que queriam emigrar para Portugal, mas alegou que esta nunca foi a sua atividade profissional. Cobrava 300 a 350 euros a cada pessoa apenas para poder suportar as despesas de deslocações, que, muitas vezes fazia para procurar casas, carros e tratar de documentos daquelas pessoas.
“Eram pessoas que já me conheciam, de alguma maneira ou através de família ou através de amigos. Essas pessoas entravam em contacto comigo”, frisou, explicando os procedimentos: “O meu papel era simplesmente, as pessoas me procuravam e eu fazia a procura de casas e apartamentos para quem quisesse. O valor referido de 300 a 350 euros era mesmo para a minha deslocação”, adiantou.
Quanto às queixas, a imigrante só tem uma explicação: “Eu penso que as pessoas, de alguma maneira, acreditam que os valores referidos, principalmente com relação a arrendamentos ficam retidos comigo”.
Uma suspeita que agora nega. A 09 de abril, por ocasião da reportagem, a Lusa não conseguiu confrontar Jeanne Villela com as acusações feitas por compatriotas, porque estava na Bélgica.
A imigrante disse que negociou o pagamento de valores que considerou em dívida para um dos queixosos. No entanto, a verba ainda não foi paga por divergências.
Já em relação a Valdecir Bravo, os problemas estão relacionados com a ausência de acordo deste e da sua mulher quanto às casas que Jeanne Vilela diz ter mostrado, o que levou a perdas de verbas adiantadas
Segundo Jeanne, a sua advogada tem uma relação de todos os valores para poder comprovar que o que o imigrante reclama e o senhorio é aliás uma das testemunhas a seu favor caso o processo se concretize.
Quanto a queixas que possam existir de outras pessoas, que não as terão apresentado, eventualmente por receios de falar, Jeanne nega ter qualquer conhecimento: “Não tenho conhecimento disso” e “nunca tive problemas com ninguém”.