Brasileira lança livro em Portugal com Aristides de Sousa Mendes na história

Da Redação
Com Lusa

AristidesSousaMendesO romance histórico “Uma Praça em Antuérpia”, da brasileira Luize Valente, será lançado essa semana em Portugal, com um enredo que se passa na Segunda Guerra Mundial e cita a atuação de Aristides de Sousa Mendes.

Sousa Mendes é conhecido por ter sido cônsul em Bordéus e na Antuérpia e por ter contrariado as ordens do Governo de António Salazar para conceder milhares de vistos a refugiados que fugiam da França ocupada pelos nazis.

A trama de Luize Valente tem como personagens protagonistas duas irmãs gêmeas portuguesas, obras de ficção, mas a ideia partiu de um interesse pela história de Sousa Mendes, despertado há cerca de dez anos.

“A primeira vez que ouvi falar dele, no início dos anos 2000, foi num evento no qual inaugurou um busto do Aristides de Sousa Mendes. Fui para outros rumos, estava a fazer um documentário, mas guardei a história para que eu pudesse falar dele numa ficção”, afirmou a autora à Lusa.

A escritora realçou que menciona no livro os vistos dados pelo então cônsul, e a quantidade de pessoas que ele salvou, como uma forma de recordar uma personalidade que só foi reconhecida “muito tempo depois da guerra”.

O livro “Uma Praça em Antuérpia” será lançado em Portugal pela editora Saída de Emergência, como parte da coleção Romances Históricos.

A história do livro, que foi escrito durante um ano e meio, começa no Brasil, com uma octogenária que relembra o passado através de uma foto trazida pela neta. Desvenda-se que a senhora, na verdade, trocou de identidade com a irmã gêmea durante uma fuga nos tempos de guerra.

A autora constrói o passado da protagonista, com passagens nas cidades de Guimarães, Guarda e Lisboa, desde um período anterior à Segunda Guerra Mundial, no final dos anos 1930, quando as gêmeas, uma casada com um judeu alemão e outra com um português que se muda para o Brasil, assumiram a troca de papéis.

“Uma Praça em Antuérpia” foi revisto pela portuguesa Carolina Floare, o que, segundo a autora, permite a naturalidade dos diálogos que se passam em Portugal. A obra foi lançada no Brasil em abril deste ano, no contexto das comemorações do 70.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.

Valente afirma que o livro toca outro tema atual, o dos refugiados. “Os refugiados fugiram da Alemanha nazi desde antes da guerra, e tinham dificuldade de entrar nos outros países da Europa. Atualmente, é como se a história se repetisse, mas noutro contexto”, afirmou a autora, sobre o fluxo de refugiados que chega ao continente.

A ligação de Valente com Portugal passa pelos seus avós, de Guimarães, e pelo tema de estudo para o primeiro romance histórico, “O Segredo do Oratório” (2012), que trata das raízes judaicas do Brasil, vinculadas aos cristãos-novos e judeus que saíram de Portugal na época da Inquisição.

Antes dos livros, a jornalista Luize Valente fez dois documentários, o “Caminhos da Memória – A trajetória dos judeus em Portugal” (2002) e “A estrela oculta do sertão” (2005).

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