Brasil teve quatro anos de aumento consecutivo da desigualdade e bate recorde

Foto Valter Campanato / Agencia Brasil

Da Redação
Com Lusa

A desigualdade de rendimento no Brasil aumentou no segundo trimestre do ano, colocando o país no ciclo mais longo de subida deste indicador já registrado, informou um estudo divulgado por um núcleo da Fundação Getúlio Vargas, o FGV Social.

O levantamento chamado “Escalada da Desigualdade” analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para estudar diversas características socioeconômicas da sociedade brasileira.

O FGV Social detectou que a partir do primeiro trimestre de 2014 a desigualdade no país tem registado aumentos trimestrais de forma ininterrupta.

“[Há] um movimento de concentração que dura 17 trimestres consecutivos, ou seja, quatro anos de aumento consecutivo da desigualdade, o que constitui um recorde de duração nas séries históricas brasileiras”, diz o levantamento.

“Nem mesmo em 1989, que constituiu o nosso pico histórico de desigualdade brasileira, houve um poder de concentração de renda por tantos períodos consecutivos”, acrescentou.

A pesquisa indicou que a metade mais pobre da população brasileira perdeu 17% da renda, enquanto os 40% seguintes – que constituem uma classe média no sentido estatístico – registaram perdas de 4,16%.

Já os 10% mais ricos, que constitui uma espécie de classe média tradicional mais alinhada com os padrões norte-americanos, apresentou ganhos de 2,55% no período, enquanto os 1% mais ricos, incluídos também no grupo anterior, obtiveram ganhos de renda de 10,11%.

Entre as principais causas apontadas para o aumento da desigualdade no Brasil estão a crise econômica, que abalou a economia com maior força entre os anos de 2015 e 2016, e, principalmente, o desemprego.

A análise do FGV Social indicou que entre o final de 2014 até ao fim de 2017, a percentagem de brasileiros a viver com um rendimento mensal de até 233 reais (52,5 euros) saltou de 8,38% para 11,8%, o que representa cerca de 23,3 milhões de pessoas.

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