Da Redação
Com Lusa
A desigualdade de rendimento no Brasil aumentou no segundo trimestre do ano, colocando o país no ciclo mais longo de subida deste indicador já registrado, informou um estudo divulgado por um núcleo da Fundação Getúlio Vargas, o FGV Social.
O levantamento chamado “Escalada da Desigualdade” analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para estudar diversas características socioeconômicas da sociedade brasileira.
O FGV Social detectou que a partir do primeiro trimestre de 2014 a desigualdade no país tem registado aumentos trimestrais de forma ininterrupta.
“[Há] um movimento de concentração que dura 17 trimestres consecutivos, ou seja, quatro anos de aumento consecutivo da desigualdade, o que constitui um recorde de duração nas séries históricas brasileiras”, diz o levantamento.
“Nem mesmo em 1989, que constituiu o nosso pico histórico de desigualdade brasileira, houve um poder de concentração de renda por tantos períodos consecutivos”, acrescentou.
A pesquisa indicou que a metade mais pobre da população brasileira perdeu 17% da renda, enquanto os 40% seguintes – que constituem uma classe média no sentido estatístico – registaram perdas de 4,16%.
Já os 10% mais ricos, que constitui uma espécie de classe média tradicional mais alinhada com os padrões norte-americanos, apresentou ganhos de 2,55% no período, enquanto os 1% mais ricos, incluídos também no grupo anterior, obtiveram ganhos de renda de 10,11%.
Entre as principais causas apontadas para o aumento da desigualdade no Brasil estão a crise econômica, que abalou a economia com maior força entre os anos de 2015 e 2016, e, principalmente, o desemprego.
A análise do FGV Social indicou que entre o final de 2014 até ao fim de 2017, a percentagem de brasileiros a viver com um rendimento mensal de até 233 reais (52,5 euros) saltou de 8,38% para 11,8%, o que representa cerca de 23,3 milhões de pessoas.