Da Redação
Com EBC
O Ministério da Saúde confirmou no fim da tarde de terça-feira que o Brasil tem três casos suspeitos de coronavírus. Além de uma estudante de 22 anos, que está internada em Belo Horizonte, mais duas pessoas têm suspeitas de portar o vírus. Uma delas está em Porto Alegre (RS) e outra em Curitiba (PR).
Segundo o ministério, esses pacientes se enquadram na atual definição de caso suspeito. Eles apresentaram febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório; além de terem viajado para a China, país onde a contaminação teve início, nos últimos 14 dias. O ministério não ofereceu mais detalhes sobre os casos.
Dados do ministério apresentados na manhã desta terça-feira mostraram que, no período de 3 a 27 de janeiro, foram analisados 7.063 suspeitas de pessoas com coronavírus no Brasil. Desses, 127 exigiram a verificação mais detalhada e apenas o caso da estudante em Belo Horizonte havia sido enquadrado como suspeita.
Diante da epidemia que tem se espalhado rapidamente pela Ásia e atingindo também países da Europa e da América do Norte, o ministério recomenda que os brasileiros evitem viagens à China. O ministro Luiz Henrique Mandetta pediu para que as viagens apenas sejam realizadas se forem necessárias.
“Nós desaconselhamos e não proibimos as viagens para a China. Não se sabe, ainda, qual é a característica desse vírus que é novo; sabemos que ele tem alta letalidade. Não é recomendável que a pessoa se exponha a uma situação dessas e depois retorne ao Brasil e exponha mais pessoas. Recomendamos que, não sendo necessário, que não se faça viagens, até que o quadro todo esteja bem definido”, disse durante entrevista à imprensa.
Anvisa orienta companhias aéreas
Em reunião dia 28 no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou orientações sobre os procedimentos a serem adotados diante da crescente transmissão global de uma nova variante do coronavírus, batizado de 2019-nCoV. O surto, que já contabiliza 4,5 mil casos no mundo e mais de 100 mortes, teve início na China.
Participaram do encontro representantes de companhias aéreas que atuam no Galeão, das secretarias de saúde do estado e do município, da Receita Federal e da Polícia Federal. Reuniões similares estão programadas em outros aeroportos do país.
De acordo com a Anvisa, não há implementação de novas medidas, mas um reforço de ações que já são adotadas. “O objetivo da reunião foi sensibilizar os agentes aeroportuários sobre os procedimentos que já são contemplados no plano de contingência do aeroporto, no qual estão previstas respostas a um evento de saúde pública”, disse Viviane Vilela, coordenadora de infraestrutura e meios de transporte da Anvisa.
Segundo Viviane, as principais ações são voltadas para a disseminação de informações, de forma que os viajantes saibam quais são os sintomas – febre, tosse e dificuldade para respirar – e quais os países onde está havendo transmissão. Para tanto, o Galeão tem um sistema de alerta sonoro que está transmitindo as mensagens em português, inglês e mandarim. Também serão reforçadas as precauções de higiene: sempre lavar bem aos mãos e cobrir a boca ao tossir. Além disso, na presença de sintomas, a orientação é para se evitar grandes conglomerados.
“O viajante bem informado vai procurar o serviço médico em tempo oportuno, vai reportar que esteve em região onde houve transmissão e vai facilitar assim a resposta e a adoção de medidas adequadas”, disse Viviane. Ela ressalta que o aeroporto é um ambiente de passagem e que as ações não necessariamente impedirão a entrada do vírus no país. “A doença demora 14 dias para apresentar sintomas. A chance de se apresentar sintomas aqui no aeroporto é pequena. Então a ideia é deixar o passageiro informado sobre o que fazer caso ele venha a desenvolver no futuro esses sintomas”.
Viviane disse que a resposta é similar à adotada em outras crises como a decorrente do surto internacional da gripe H1N1 ocorrida em 2009. Segundo ela, desde 2005 o Regulamento Sanitário Internacional estabeleceu os protocolos para a resposta oportuna em casos de emergência.
Autoridades chinesas informam que até o momento, 132 pessoas morreram em decorrência do surto de coronavírus. O número de infecções confirmadas já chega a 5.974, com mais de mil pessoas em estado grave.
A situação parece estar piorando cada vez mais no epicentro do surto, a cidade de Wuhan, que foi isolada. Autoridades da região dizem que hospitais estão lotados, com milhares de pacientes.
Cientistas estão correndo contra o tempo para encontrar um medicamento. Autoridades sanitárias em Pequim planejam tratar pacientes com dois remédios utilizados no combate à aids. Médicos chineses afirmam, em uma publicação britânica, que esses medicamentos tiveram sucesso no combate a outro coronavírus, a Sars, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Além do território continental da China, de França e Alemanha, também foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália e Canadá. Neste dia 29 os Emirados Árabes anunciaram que identificaram o primeiro caso de infeção pelo novo coronavírus chinês.