Da Redação
Priscilla Gaspar é a secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Brasil.
Falando à ONU News, em Nova Iorque, ela disse que foi sensível aos ruídos da marginalização na trajetória até chegar à liderança em direitos da pessoa com deficiência. A conversa aconteceu com o apoio do intérprete Sérgio Nogueira.
“Particularmente, a minha experiência é apenas de discriminação. Sempre sofri muito bullying, sempre fiquei isolada. Então, sempre me sentindo excluída enquanto pessoa surda, usuária de uma língua visual. Então, o meu sonho é que possamos ter uma real inclusão social de todas as pessoas com deficiência para que as pessoas possam desenvolver a sua autoestima, para que possam estudar, fazer graduação, desenvolver suas tarefas no emprego e que se sintam reconhecidas e tenham os seus direitos respeitados.”
Esta semana, Priscilla Gaspar participou na série de eventos durante a 12ª Sessão da Conferência dos Estados-Partes da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência na ONU.
Na entrevista, a representante destacou que no percurso até à nomeação ao cargo, em janeiro, não deixou para trás as pessoas cuja caminhada até o sucesso será marcada pelas barreiras que as distinguem de indivíduos sem as mesmas desvantagens.
Priscilla Gaspar é professora de Língua Brasileira de Sinais e faz parte de um programa dessa área que promove a acessibilidade. A graduada em Letras, Libras e Pedagogia é pós-graduada em Ensino Superior e mestre em Educação e Currículo.
“É verdade, eu sou a primeira pessoa surda no alto escalão dos governos do mundo todo, tão próximas ao presidente, ao chefe de Estado. Penso que nós temos que desenvolver mais acessibilidade. Nós sabemos das limitações e as barreiras, e a acessibilidade é a chave que abre, que derruba essas barreiras. Eu espero que nós possamos juntos com essas chaves abrir essas portas e derrubar essas barreiras para uma real inclusão social.”
Na conversa, Priscilla Gaspar destacou o desafio diário de liderar uma área que combate a indiferença. Mesmo abraçando o posto no Brasil, ela disse que essa é uma luta universal.
“A minha primeira experiência numa conferência como essa aqui na ONU. Tenho conhecido diversas pessoas, tenho aprendido muito, e nós precisamos trocar experiências com todos os países, para que possamos de fato garantir os direitos das pessoas com deficiência. O Brasil está à procura disso.”
A representante disse que em sua área de trabalho tem como meta criar facilidades para que grande parte das pessoas com deficiência tenha um percurso similar ao dela.