Mundo Lusíada com agências
O ministro da Economia do Brasil declarou que o governo federal gasta mal recursos públicos, “joga” a dívida para frente, e que o país “reconstrói” uma Europa por ano com gastos. “A principal despesa do governo hoje são os gastos com a Previdência. O segundo são gastos com juros da dívida interna. O Brasil reconstrói uma Europa por ano, que é um Plano Marshall por ano”, afirmou.
“A máquina do governo virou uma gigantesca transferência perversa de renda”, apontou. “O Brasil gasta muito e gasta mal. Chegou a gastar 45% do PIB”, afirmou.
O agora Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, já anunciou um plano de privatização na área das infraestruturas de transportes, prevendo que renda investimentos iniciais no valor de 7.000 milhões de reais (1.640 milhões de euros).
“Rapidamente atrairemos investimentos iniciais em torno de 7.000 milhões de reais, com concessões de ferrovia, 12 aeroportos e 4 terminais portuários. Com a confiança do investidor sob condições favoráveis à população resgataremos o desenvolvimento inicial da infraestrutura do Brasil”, escreveu Bolsonaro na rede social Twitter.
A transferência dos investimentos em infraestrutura para o setor privado, que Bolsonaro pretende incluir no seu primeiro programa de concessão, começou a ser analisada pelo Governo do ex-Presidente Michel Temer, que já havia desenvolvido estudos para estes projetos.
As concessões serão analisadas numa reunião com 22 ministros que Bolsonaro convocou para esta quinta-feira, divulgou a Lusa.
Segundo informações do Palácio do Planalto, essa reunião foi convocada para analisar os planos que o Governo anunciará nos seus primeiros dias.
O assunto já foi abordado pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que, no seu discurso de posse, na última quarta-feira, disse que vai tomar medidas para desbloquear investimentos no setor.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, também comentou no seu primeiro discurso no cargo, que as privatizações e concessões serão um dos “pilares” do programa econômico liberal que pretende implementar.
Paulo Guedes, que recebeu apoio total de Bolsonaro para comandar a economia brasileira, é um defensor da redução do tamanho do Estado e de um ajuste fiscal severo pautado na contenção de gastos e privatização de todas as empresas que não são essenciais para o setor público.
Segundo ele, sua gestão será centrada em quatro pilares: abertura da economia, simplificação de impostos, privatizações e reforma da Previdência, acompanhada da descentralização de recursos para estados e municípios. Ele destacou que o novo governo pretende dar importância ao capital humano – como os economistas chamam o investimento em capacitação do cidadão.
“Os economistas liberais sempre tiveram uma outra face, a do capital humano, a importância de investimento em saúde e educação. Pretendemos dar dinheiro para voucher [vales individuais] para saúde, creche e educação, investir na formação da criança de 0 a 9 anos. O governo tem essa ênfase, de um lado, dos conservadores, na família, e a ideia de investimento maciço em capital humano”, declarou.
Na cerimônia de transmissão de cargo, o ministro destacou que o mercado é o principal mecanismo de inclusão social, que permite redistribuir dinheiro de setores privilegiados da sociedade para a saúde e a educação. Ele defendeu reformas estruturais para destravar a economia brasileira, classificando-as de “paredes” de sustentação do teto de gastos.
“Teto, sem paredes de sustentação, cai”, declarou Guedes, ao explicar que pretende controlar o crescimento de gastos públicos, em vez de cortá-los dramaticamente. Segundo ele, o gasto do governo subiu de forma ininterrupta nas últimas quatro décadas, provocando diversas disfunções na economia. O novo ministro classificou o quadro econômico atual de “falsa tranquilidade”, mas disse que o país pagaria caro se a economia não mudasse de rumo.
De acordo com Guedes, o Brasil desperdiçou a oportunidade de crescer como tigres asiáticos por insistir numa economia concentrada no Estado, em vez de uma economia de mercado. Segundo o novo ministro, a “insistência” em ter o setor público como motor da economia produziu “dois filhões bastardos”: a expansão do gasto público e a desestabilização econômica. Nesse momento, ele foi bastante aplaudido por uma plateia formada por banqueiros e empresários.
Na cerimônia, em que deu posse aos secretários da pasta, Paulo Guedes prometeu combater o corporativismo e a manutenção de privilégios para setores da sociedade. Ele negou que os liberais pretendem beneficiar apenas a faixa mais rica da população e disse que o novo governo trabalhará para tornar o Estado mais eficiente para distribuir os gastos para os setores menos favorecidos da sociedade.
“Não adianta tentar preservar feudo, usado para comprar influência parlamentar, gasto publicitário. Vamos buscar excesso de gastos. Vamos buscar dinheiro, porque está faltando para saúde, para educação, para Bolsa Família”, declarou Guedes, sendo novamente ovacionado pela plateia.
Paulo Guedes, vai apresentar até segunda-feira (7) a proposta de reforma da Previdência que deverá ser sugerida pelo governo do presidente Jair Bolsonaro e submetida ao Congresso Nacional. A disposição é que os parlamentares analisem a proposta assim que retornarem do recesso em fevereiro.
A informação foi confirmada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, logo depois da primeira reunião ministerial da gestão Bolsonaro com a presença de todo primeiro escalão. “[Paulo] Guedes vai apresentar a proposta até o início da próxima semana. Nós vamos fazer a reforma” disse ele, segundo a Agência Brasil.