Brasil quer retirar do Líbano 500 pessoas por semana com escala em Lisboa

Brasileiros que estavam no Líbano, desembarcam do avião KC-30. Foto Paulo Pinto/Agencia Brasil

Mundo Lusíada com Lusa

 

Um avião com 229 passageiros e 3 pets a bordo vindos do Líbano pousou neste domingo no aeroporto de Guarulhos, São Paulo, o início de uma operação de grande envergadura para retirar 500 pessoas por semana, utilizando Lisboa como escala.

O objetivo das autoridades brasileiras é resgatar 500 pessoas por semana, utilizando Lisboa para escala técnica. O novo grupo de repatriados deve chegar ao Brasil na terça-feira (8), por volta das 10h.

“Essa aeronave (o KC-30 da FAB) agora descola de volta para Lisboa, trocando a tripulação, para que amanhã possamos fazer o mesmo circuito e possamos, em 48 horas, trazer mais 230 pessoas”, afirmou o militar Marcelo Kanitz Damasceno, responsável pela operação de resgate.

O cônsul do Líbano em São Paulo, Rudy El Azzi, agradeceu a ação das autoridades brasileiras.

“Precisamos do apoio do Brasil e do mundo. Dizem que o Brasil é gigante pela própria natureza. É gigante também pelo coração e acolhimento”, disse.

Nos voos para o Líbano, o Brasil vai enviar equipamento médico e consumíveis, no quadro das promessas de apoio já feitas a Beirute.

“O Brasil é generoso. Não tem contencioso com nenhum país porque a gente não deseja guerra. A guerra só destrói. Quando não perde a vida, perde escola, hospital, médico, uma série de coisas que trazem tranquilidade para a gente”, afirmou, à chegada dos passageiros, o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

“O que constrói é a paz”, acrescentou o chefe de Estado, que recebeu o primeiro voo da operação Raízes do Cedro, para resgatar cidadãos nacionais ou que façam parte da comunidade brasileira no país.

No Líbano, a comunidade brasileira tem 20 mil pessoas e três mil manifestaram interesse em regressar ao Brasil.

“Espero que vocês encontrem no Brasil a felicidade que tiraram de vocês com esse bombardeio e que a gente possa reconstruir a nossa vida em paz aqui no Brasil”, afirmou Lula da Silva, que destacou o peso daquela comunidade na história brasileira.

“Vocês sabem que o Brasil tem por volta de oito ou nove milhões de árabes e descendentes, a maioria libaneses” e, por isso, “somos agradecidos, porque vocês ajudaram a construir a cidade de São Paulo, o estado de São Paulo e o Brasil. Vocês têm muita responsabilidade por aquilo que somos”, acrescentou o chefe de Estado brasileiro.

No voo, foi feita a doação de 20 mil seringas com agulhas e 4 mil agulhas individuais, numa operação coordenada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores.

Segundo as autoridades brasileiras, outros bens serão doados nos próximos voos, de acordo com as necessidades do Líbano.

Portugal

No dia 04, mais um avião com 16 cidadãos portugueses e familiares diretos, e de outras nacionalidades, num total de 41 pessoas provenientes do Líbano, aterrou em Lisboa num C-130 operado pela Força Aérea Portuguesa (FAP). Além dos cidadãos portugueses e respetivos familiares, viajaram também oito libaneses, cinco espanhóis, oito são-tomenses, um brasileiro, um angolano, um russo e um francês.

Foi o segundo voo de retirada de cidadãos portugueses que pediram para saírem do Líbano, na sequência do conflito espoletado por Israel no passado dia 23 de setembro com uma campanha de intensos bombardeamentos contra o movimento xiita libanês Hezbollah no sul e no leste do Líbano, mas também nos subúrbios sul da capital, Beirute.

O primeiro grupo, de 44 pessoas, chegou a Lisboa, igualmente em voo operado pela FAP, no passado dia 28.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, que estava acompanhado dos secretários de Estado da Defesa, Telmo Correia, e das Comunidades Portuguesas, José Cesário, recebeu os 41 passageiros após a aterragem no aeroporto de Figo Maduro.

Em declarações aos jornalistas, Paulo Rangel regozijou-se com o êxito desta segunda fase de retirada de cidadãos portugueses do Líbano e acrescentou que outros cidadãos portugueses que se encontram ainda naquele país do Médio Oriente manifestaram o desejo de permanecerem.

“Não está prevista mais nenhuma fase para esta operação. Eventualmente pode acontecer. Sabemos que isso é natural. Se por acaso houver algum pedido individual”, salientou, sublinhando que, neste voo, Portugal correspondeu ao pedido de Espanha e São Tomé e Príncipe para transportar também os seus cidadãos.

O Hezbollah e Israel têm trocado ataques através da fronteira com o Líbano quase diariamente desde o dia seguinte ao ataque transfronteiriço do Hamas, em 07 de outubro de 2023, que matou 1.200 israelitas e fez 250 reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao grupo islamita palestiniano e desde então, de acordo com as autoridades controladas pelo Hamas, já matou mais de 41.000 civis palestinianos, mais de metade dos quais eram mulheres e crianças, bem como cerca de 2.000 pessoas no Líbano, a maioria desde 23 de setembro.

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