Brasil quer estreitar relações com Angola no setor empresarial

ARQUIVO Os presidentes angolano e brasileiro no último encontro.

O ministro sublinhou a experiência no setor da agricultura empresarial pelo Brasil, que pode ser aproveitada por Angola.

Da Redação
Com agencias

Em visita oficial a Angola, o ministro brasileiros das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, faz em 09 de fevereiro a sua terceira visita de trabalho à África.

Em Luanda, o chanceler é recebido pelo presidente João Lourenço, que visitará o Brasil ainda neste ano, além de manter reuniões com os ministros Manuel Domingos Augusto (Relações Exteriores) e Archer Mangueira (Finanças).

Durante a visita, Aloysio Nunes realçou a necessidade de intensificação da cooperação nos campos da energia, agricultura, agroindústria, indústria transformadora, saúde, educação, ensino superior, econômico-financeira, com vista a se encontrar o estreitamento das relações no âmbito empresarial.

“Penso que nesta visita, os nossos dois lados, deveríamos prepará-la meticulosamente para exatamente, que ela cumpra este objetivo de destravar coisas que possam estar travadas, tanto do seu lado como do meu”, salientou à Lusa.

Para o ministro brasileiro, uma boa preparação garantirá “sem dúvida nenhuma” o êxito da visita do chefe de Estado angolano ao Brasil, do ponto de vista da cooperação, e também para a troca de experiência entre ambos na resolução de problemas que afetam os dois países “há muito tempo”, bem como sobre as reformas que estão em curso no Brasil e em Angola.

“Nós temos experiência no Brasil, já que em algumas políticas sociais, eu penso que são de grande interesse para o Governo angolano, o povo angolano, na área da saúde, da habitação popular, programas de transferência de renda, programa de apoio à agricultura familiar”, enumerou.

O ministro sublinhou ainda a experiência comprovada no setor da agricultura empresarial pelo Brasil, que pode ser realmente aproveitada por Angola, que pode igualmente “ser um terreno de situação de investimentos brasileiros na área da agricultura”.

“Sei que há o empenho do Presidente em diversificar a economia angolana, as dificuldades que advêm da queda do preço do petróleo colocam na ordem do dia, com muita urgência, a necessidade da diversificação, eu penso que nesse tema há muita coisa para fazer, para aproximarmos as nossas comunidades empresariais”, assegurou.

O papel que Angola desempenha na África Austral e Central mereceu também referência do chefe da diplomacia brasileira, considerando o êxito na sua transição política, na consolidação da paz e do pluralismo, um “fator de inspiração para países vizinhos, da região, que conhecem ainda dramas muito agudos de instabilidade e de violência”.

Brasil disponibiliza financiamento

O Brasil concedeu a Angola um financiamento de dois mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros) para financiar trocas comerciais e promover o investimento entre os dois países, anunciou hoje, em Luanda, o chefe da diplomacia brasileira.

 

Aloysio Nunes disse ter reafirmado ao Presidente angolano o empenho do Brasil em relançar, dando ênfase, à relação bilateral entre os dois países.

Sobre a sua vinda a Luanda, Aloysio Nunes disse que assinou já com o ministro das Relações Exteriores angolano um entendimento sobre a formação de diplomatas e vai também rubricar um protocolo de entendimento sobre financiamento com o ministro das Finanças, Archer Mangueira.

“O Governo brasileiro ofereceu já um financiamento de dois biliões de dólares, que poderá ser aplicado por bancos públicos como também por bancos particulares, para financiar trocas comerciais, investimentos”, disse.

“Porque nós acreditamos que além dos aspectos tradicionais da cooperação na área da saúde, da educação, na defesa, que nós queremos incrementar, é muito importante que haja entendimentos entre os nossos empresários para promover desenvolvimento tanto no Brasil quanto em Angola, e esse instrumento que vamos assinar, logo mais, é muito importante para dar segurança a esse intercâmbio”, ajuntou.

A dívida de Angola ao Brasil, até 31 de dezembro de 2017, totaliza 1.271.868.824 dólares, dos quais 1.212.947.235 dólares são devidos ao Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) e 58.921.589 dólares ao PROEX do Brasil.

Em janeiro deste ano, o ministro das Finanças angolano deslocou-se ao Brasil para negociar a reabertura dos desembolsos da linha de crédito para o financiamento de alguns projetos de investimento público inscritos no Orçamento Geral do Estado de 2018.

O Presidente angolano reuniu-se a 24 de janeiro, na Suíça, com o seu homólogo brasileiro, Michel Temer, à margem do Fórum Econômico de Davos, tendo sublinhando aos jornalistas a importância das relações entre os dois países, anunciando a partida para Brasília do ministro das Finanças para negociar a retomada dos financiamentos do BNDES a Angola.

“A nossa prioridade é financiar obras públicas de grande envergadura, nomeadamente infraestruturas nos setores da construção, da energia e águas, sobretudo em barragens elétricas”, justificou ainda João Lourenço, a propósito das negociações entre os dois Governos.

Em finais de 2016, o Governo angolano pediu esclarecimentos às autoridades brasileiras sobre a suspensão das linhas de crédito para obras em Angola, em curso por empresas daquele país, e que pretendia enviar uma delegação governamental ao Brasil.

A informação foi então prestada num comunicado do Governo, enviado à Lusa, em Luanda, em que é garantido que a suspensão dessas linhas de crédito – que embora não seja referido no documento está relacionada com as investigações em torno da Operação Lava Jato – aconteceu “há mais de um ano” e obrigou à mobilização de outros recursos para garantir a prossecução das empreitadas.

Angola é um dos principais parceiros brasileiros na África, com o qual o Brasil mantém relações políticas há mais de 40 anos – o Brasil foi o primeiro país a reconhecer sua independência, em 1975.

Em 2017, o intercâmbio comercial foi de US$ 936,1 milhões, o que representou incremento de mais de 53% em relação ao ano anterior.

Segundo o governo, os dois países também atuam pelo fortalecimento da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e pela propagação da língua portuguesa.

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