Brasil participa da inauguração do primeiro banco de leite de Moçambique

Foto Inaugurado na sexta-feira (26), banco de leite vai melhorar a saúde das crianças moçambicanas. Maria Clara Machado/PR

Da Redação

Resultado de um projeto conjunto do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) com o governo de Moçambique, o primeiro Banco de Leite Humano (BLH) do país foi inaugurado no último dia 26, no Hospital Central de Maputo. A iniciativa conta com apoio também do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e do Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (Dfid).

Além de reduzir a mortalidade infantil, o banco vai ser importante para ajudar o governo a divulgar mais e melhor a importância do aleitamento materno. “Vamos promover a ideia de que o leite materno é o alimento mais importante para o recém-nascido, que mães saudáveis podem dar aos seus próprios bebês e doar para outros que estejam acamados”, comemorou a ministra da saúde de Moçambique, Nazira Abdula.

Para o diretor do Hospital Central, Mouzinho Saide, a inauguração do banco é um privilégio para o país, que dará uma “contribuição muito grande” para garantir que todas as crianças recém-nascidas tenham acesso ao leite materno. “A taxa de mortalidade neonatal no nosso país infelizmente ainda é muito grande. Mas, com a existência do Banco de Leite Humano, iremos contribuir para redução de algumas doenças com prevalência nessa fase da vida, em particular as sepses e infecções generalizadas”, disse.

Baixo custo
Com baixo custo e alta efetividade, o banco de leite deve contribuir para a redução da mortalidade neonatal e infantil nos países onde é implantado. O modelo brasileiro de bancos de leite é “diferenciado”, segundo o representante da assessoria de assuntos internacionais do Ministério da Saúde do Brasil, Luciano Queiroz.

“Há outro modelo, europeu, mas o Brasil agrega tecnologia de baixo custo e grande eficiência, que gera impacto na redução da mortalidade infantil dos países onde é implementado”, afirmou Queiroz.

A primeira experiência na África ocorreu em Cabo Verde; Moçambique é a segunda nação do continente a adotar o modelo. Em Angola, entidades responsáveis já trabalham na reforma de espaços físicos e na aquisição de tecnologias brasileiras.

“A parceria em Angola já foi firmada e já está em andamento. Aqui, em Moçambique, [a inauguração do banco de leite] tem um vulto ainda maior do que em Cabo Verde. Além da unidade de coleta, há também o centro de captação, com salas de videoconferência e atendimento às mães e crianças”, afirma o coordenador geral de cooperação técnica com países de língua portuguesa da ABC, Paulo Barbosa Lima.

Atualmente presente em 24 países, o programa brasileiro é referência também na América Latina, além de estar presente na América do Norte e no Caribe. É uma experiência, segundo Queiroz, “inovadora e muito barata” que propicia saúde materna e infantil.

“Os bancos brasileiros são mais do que o simples processamento e doação. São casas de apoio às mães que têm dificuldade de amamentar. A iniciativa de bancos de leite humano do Brasil já foi premiada pela Organização Mundial da Saúde como a que mais contribuiu para a redução da mortalidade infantil nos países para onde foi levada”, disse o assessor do Ministério da Saúde.

Cooperação ampliada
Segundo o governo, a colaboração também se estendeu a saúde bucal. As ações levam a Moçambique a experiência bem sucedida do Brasil Sorridente, programa de atendimento dentário gratuito pela rede pública de saúde.

Por meio da cooperação, os moçambicanos têm conseguido dar andamento à proposta de forma autônoma. Responsável pelo setor de oficina dentária no Hospital Geral de Mavalane, Águeda Costa revelou que cerca de 1,5 mil pacientes já foram atendidos pelo primeiro laboratório público do país, que funciona desde 2016. Em uma clínica particular, o valor da prótese chega a R$ 2 mil. “Muitos aqui já podem sorrir, já podem comer”, disse.

Segundo a médica dentista Neyd Ombe, do hospital de Mavalane, a inovação foi bem recebida pela população. “Nós estamos fazendo as próteses e ajudando muita gente que tem dificuldades com falta de dinheiro”, afirmou.

Intitulado Pesquisa em Saúde Bucal – Maputo, o projeto tem como objetivo conhecer as condições de saúde bucal dos moçambicanos. Com as informações em mãos, os dois países vão elaborar o planejamento e a avaliação das ações e serviços públicos oferecidos. A conclusão está prevista para 31 de dezembro de 2018.

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