Da redação
Com Lusa
O Brasil irá usar a partir do próximo ano mosquitos estéreis da espécie ‘Aedes aegypt’ para controlar a reprodução deste agente que transmite doenças como dengue e zika, anunciou a Organização das Nações Unidas (ONU).
A técnica em causa permitirá a esterilização de mosquitos machos com radiação, ajudando a reduzir o número desses insetos e, consequentemente, as doenças por eles propagadas.
O método está a ser usado pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), em parceria com o Programa Especial de Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais da Organização Mundial da Saúde (OMS), e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
“Esse projeto da técnica de inseto estéril tem várias fases. (…) O projeto de esterilização do mosquito no Brasil passou pelas primeiras fases, de encontrar uma população de mosquitos locais (…), entender a dinâmica populacional na área, o interesse, e a partir daí iniciar as libertações. O projeto brasileiro tem intenção de começar no próximo ano essa fase”, disse o entomologista da Aeiea Danilo Carvalho, à ‘ONU News’.
Para controlar o nascimento desses insetos, são criadas grandes quantidades de mosquitos machos esterilizados em instalações especiais. Posteriormente, os animais são libertados para acasalar com fêmeas que, ao não se reproduzirem, ajudam a baixar a população de insetos.
Segundo a ONU, Cabo-Verde é um dos países que revelou interesse em implementar esta iniciativa, tendo aquele Estado africano já efetuado contatos com a Aiea para a utilização desta técnica.
Para realizar esses testes, a OMS lançou um guia com recomendações para os países interessados em controlar o ‘Aedes aegypt’, tendo autorizado a que a técnica seja usada a nível global.
Em 2015, o Brasil registou um surto do vírus Zika, que foi associado ao aumento de bebês nascidos com microcefalia, e cujo transmissor é precisamente o mosquito ‘Aedes aegypti’, que necessita de água parada para se proliferar.
Dengue é outra das doenças transmitidas por essa espécie de inseto, que pode causar febre alta, dores musculares intensas, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça, manchas vermelhas no corpo, e pode mesmo levar à morte, segundo o Ministério da Saúde do Brasil.
No país sul-americano, o número de mortes provocadas pela dengue este ano é cinco vezes superior ao de 2018.
Até 12 de outubro último, morreram 689 pessoas em decorrência da doença dengue, contra as 128 mortes registadas no mesmo período do ano passado, de acordo com um boletim epidemiológico lançado pela pasta da Saúde.
No total, a enfermidade já causou 1.489.457 infecções no Brasil, apenas este ano, um número cerca de 690% superior ao do ano passado, quando se contabilizaram 215.585 casos, segundo a imprensa local.
A diretora-geral adjunta de programas da OMS, Soumya Swaminathan, revelou que metade da população mundial encontra-se em risco de contrair dengue, afirmando que os esforços para travar o problema ainda não são suficientes.
Swaminathan indicou que considera a nova técnica de esterilização uma iniciativa “promissora”.
Casos de dengue ocorrem em vários países, principalmente no subcontinente indiano. O Bangladesh enfrenta o pior surto desde a primeira epidemia registrada em 2000, destaca a OMS.
A malária, dengue, zika, chikungunya e a febre amarela afetam 17% do total de pacientes de doenças infecciosas em todo o mundo, e mais de 700 mil pessoas morrem a cada ano, segundo a ONU.
A Técnica de Insetos Estéreis foi aplicada pela primeira vez pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, levando à diminuição das pragas que atacavam plantações e animais.