Da Redação
Com agencias
A presidente brasileira Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, assinaram em 19 de maio um plano de cooperação até 2021. Os dois países firmaram 35 acordos, entre os quais um que trata de estudos de viabilidade para construção de uma ferrovia para ligar o Brasil ao Oceano Pacífico, passando pelo Peru, chamada de Ferrovia Transoceânica.
“A ferrovia vai cruzar o país de leste a oeste, portanto, o continente, porque ligará o Oceano Atlântico ao Pacífico. É um novo caminho que se abrirá para a Ásia, reduzindo distâncias e custos. Um novo caminho que nos levará diretamente ao Pacífico, até os portos da China”, explicou Dilma, em declaração de imprensa, após a assinatura de acordos com o chinês.
“Convidamos as empresas chinesas a participarem nessa grande obra, que sairá de Campinorte, em [estado de] Tocantins, lá na Ferrovia Norte-Sul, passará por Lucas do Rio Verde, no [estado de] Mato Grosso, atingirá o Acre e atravessará os Andes, até chegar ao porto, no Peru”, afirmou Rousseff. A nova linha de caminho-de-ferro será financiada por um fundo de investimentos em infraestrutura no Brasil, resultado de um acordo entre a Caixa Econômica Federal, o segundo maior banco público brasileiro, e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC).
Segundo Dilma, os atos assinados nesta terça-feira representam investimentos de US$ 53 bilhões e abrangem áreas de planejamento estratégico, infraestrutura, transporte, agricultura, energia, mineração, ciência e tecnologia, comércio, entre outras.
Na lista, está o acordo para retomada das exportações de carne brasileira para a China, interrompidas desde julho de 2012. Durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, em julho do ano passado, o fim do embargo chinês à carne brasileira foi anunciado, mas faltava a assinatura de um protocolo sanitário.
“É o marco jurídico necessário para a retomada da exportação de carne bovina para a China, de forma sustentável, que será implementada com a habilitação feita pela China dos primeiros oito estabelecimentos brasileiros. Reiterei interesse em tornar efetivo o processo de habilitação de novos estabelecimentos produtores de carne bovina, suína e de aves”, disse a presidenta.
Segundo Dilma, mais nove frigoríficos brasileiros estão na lista aguardando a habilitação para voltar a exportar para a China. “Vamos liberar de forma bem acelerada. Foi assinado o acordo sanitário. A partir do acordo, cria-se uma nova forma de relacionamento nessa questão entre as autoridades chinesas, as autoridades sanitárias brasileiras e o Ministério da Agricultura”, acrescentou.
A presidenta lembrou que a China é o principal parceiro comercial do Brasil e defendeu a ampliação de investimentos, o comércio mais intenso, aberto e diversificado entre os dois países e o aperfeiçoamento de parcerias em educação, ciência e tecnologia.
Dilma destacou que o Brasil e a China devem se unir para cobrar mudanças no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e nos órgãos financeiros multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Segundo Li Keqiang, o fortalecimento da parceria entre os dois países pode ajudar a proteger as economias emergentes das dificuldades econômicas internacionais.
“Nesse cenário político e econômico internacional, que passa por mudanças, particularmente no contexto de fraca recuperação da economia mundial, a integração entre Brasil e China vai promover desenvolvimento dos países em desenvolvimento, das economias emergentes e ajudar na recuperação da economia mundial. A cooperação financeira ajudará as salvaguardas da sustentabilidade financeira dos países emergentes”, avaliou.
Petrobras
Brasil e China assinaram ainda acordo de US$ 7 bilhões para projetos da Petrobras. Dilma Rousseff disse que os acordos de cooperação assinados para financiar projetos da Petrobras mostram confiança na estatal. Em abril, a estatal brasileira já havia obtido financiamento de US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China.
“Convidei o governo chinês a participar na área de investimento de petróleo e gás, tanto em refinarias quanto em estaleiros. [Esses acordos demonstram] Não só confiança na Petrobras, mas também ampliam a parceria que temos com empresas chinesas CNPC [China National Petroleum Corporation] e CNOOC [China National Offshore Oil Corporation], no Campo de Libra, na extração de petróleo do pré-sal”, destacou.
Dentre os acordos, foi ainda firmada a compra de 22 aviões da empresa brasileira Embraer para companhias aéreas chinesas. A expectativa inicial era de financiamento de 40 aeronaves. Os outros 18 aviões ainda dependem de uma segunda aprovação das autoridades chinesas em uma fase posterior.
A lista de acordos entre o Brasil e a China inclui a compra de navios de minério da Vale, a construção de um satélite de sensoriamento remoto, a construção de um polo siderúrgico no Maranhão e até cooperação esportiva para as modalidades de tênis de mesa e jogo de peteca.