Da Redação
Com Agencias
O Brasil convocou a embaixadora da Nicarágua, Lorena Martínez, para dar explicações sobre o assassinato de uma estudante brasileira, alegadamente alvejada por tiros disparados por um grupo paramilitar.
A brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 31 anos, estudava medicina há cerca de um ano na Universidade da América (UAM), em Manágua, capital da Nicarágua e, segundo Ernesto Medina, reitor da instituição de ensino, foi morta na última segunda-feira por tiros disparados por um grupo de paramilitares.
A embaixadora nicaraguense Lorena Martínez esteve na tarde de terça-feira na sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, divulgou a Lusa.
O Itamaraty (sede do Governo) também convocou embaixador brasileiro na Nicarágua, Luís Cláudio Villafañe, para que se desloque ao país para relatar a situação na Nicarágua.
Na tarde de terça-feira, o Governo brasileiro divulgou uma nota a condenar o assassínio da estudante e a pedir às autoridades nicaraguenses que disponibilizassem “todos os esforços necessários para identificar e punir os responsáveis pelo ato criminoso”.
A morte da estudante brasileira ocorreu em plena crise social e política nicaraguense, com manifestações contra o Presidente Daniel Ortega, que provocou entre 277 e 351 mortos, segundo organizações humanitárias locais e internacionais.
Os protestos contra Ortega e sua mulher, a vice-Presidente Rosario Murillo, começaram em 18 de abril, quando a população passou a manifestar-se nas ruas contra as reformas fracassadas na área de segurança social e a exigir a renúncia do Presidente.
Crise
A Nicarágua vive uma crise sociopolítica com manifestações que se intensificaram, desde abril, contra o presidente Daniel Ortega que se mantém há 11 anos no poder em meio a acusações de abuso e corrupção. A repressão aos protestos populares já deixou entre 277 e 351 mortos, de acordo com organizações humanitárias locais e internacionais.
O assassinato da estudante brasileira ocorreu horas depois de Medina participar de um fórum no qual disse que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua antes da explosão dos protestos contra Ortega em abril “era parte de uma farsa” porque “nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça”, segundo divulgou a EBC.
Em entrevista a uma emissora de TV local, o retior da UAM acrescentou que as forças paramilitares “sentem que têm carta branca, ninguém vai dizer nada a eles, ninguém vai fazer nada. Eles andam sequestrando e fazendo batidas”.
O governo de Daniel Ortega foi acusado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) pelos assassinatos, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias ocorridas em território nicareguense.