Mundo Lusíada
Com EBC
O Brasil bateu novo recorde de mortes em um dia em razão da pandemia do novo coronavírus, com 474, e ultrapassa o total de mortos da China. Segundo atualização do Ministério da Saúde divulgada nesta terça-feira (28), o total subiu para 5.017, aumento de 10,4%. O acréscimo mais alto até então havia sido na quinta-feira (23), quando foram contabilizados 407.
O Brasil chegou a 71.886 pessoas infectadas. Nas últimas 24 horas foram adicionadas às estatísticas mais 5.385 casos, aumento de 8,1% em relação a ontem, quando foram registradas 66.501 pessoas nessa condição. Foi o segundo maior número em um dia, perdendo apenas para o sábado (25), quando foram acrescidos 5.514 novos casos ao balanço.
De acordo com o Ministério da Saúde, deste total, 34.325 estão em acompanhamento (48%) e 32.544 já foram recuperados, deixando de apresentar os sintomas da doença. Ainda são investigadas 1.156 mortes.
São Paulo se mantém como epicentro da pandemia no país, concentrando o maior número de falecimentos (2.049). O estado é seguido pelo Rio de Janeiro (738), Pernambuco (508), Ceará (403) e Amazonas (351).
Além disso, foram registradas mortes no Maranhão (145), Pará (129), Bahia (86), Paraná (77), Minas Gerais (71), Espírito Santo (64), Paraíba (53), Rio Grande do Norte (48), Rio Grande do Sul (45), Santa Catarina (44), Alagoas (36), Distrito Federal (28), Amapá (28), Goiás (27), Piauí (21), Acre (16), Sergipe (11), Mato Grosso (11), Rondônia (11), Mato Grosso do Sul (nove), Roraima (seis) e Tocantins (dois).
Agravamento
Em entrevista coletiva em Brasília, o ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou que o aumento de casos constitui uma tendência. Anteriormente, ele havia ponderado que seria preciso ver se os números expressam a atualização de casos anteriores ou se representavam um aumento de fato.
“A curva vem crescendo e há agravamento da situação. Isso continua restrito aos lugares que estão vivendo maiores dificuldades, como Manaus, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Entendendo que Brasil tem que ser tratado de forma diferente, mas nesses lugares com um quadro de piora vamos continuar acompanhando para ver como vai ser a evolução”, declarou Nelson Teich.
As cidades mais afetadas pela pandemia estão vivendo já o colapso de seus sistemas de saúde. Em Manaus, Fortaleza e Rio de Janeiro há filas de espera por leitos de unidade de tratamento intensivo (UTI). O cenário é preocupante em outros locais, como a região metropolitana do Recife e Belém.
Nesta terça-feira, Teich se reuniu com governadores da Região Norte. Neste dia 29, será com os governadores das regiões Sul e Nordeste. E na quinta, do Sudeste e do Centro-Oeste. Ele afirmou que o ministério está “trabalhando para dar apoio” a locais mais afetados, como por meio da aquisição de respiradores, equipamentos de proteção individual (EPI) e recursos humanos.
“Vamos distribuir 185 respiradores para estados e municípios mais afetados. Vamos encaminhar novos kits de EPI para estados mais complicados e estamos contratando recursos humanos para reforçar equipes de saúde. Além disso, testes laboratoriais, testes rápidos, tudo isso está acontecendo simultaneamente”, acrescentou o secretário executivo, Eduardo Pazuello.
Bolsonaro
O Presidente brasileiro lamentou na noite de terça-feira o recorde de mortos pelo novo coronavírus no país, mas frisou que não faz milagres.
“E daí? Lamento, mas quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres”, afirmou o chefe de Estado, fazendo um trocadilho com o seu nome [Jair Messias Bolsonaro], após ser questionado por jornalistas sobre o Brasil ter ultrapassado o total de mortos da China.
O chefe de Estado desvalorizou ainda os números de terça-feira, afirmando que “nunca ninguém negou que haveria mortes”.
“As mortes de hoje, a princípio, foram de pessoas infectadas há duas semanas. É o que eu digo para vocês: o vírus vai atingir 70% da população. Infelizmente é a realidade. Nunca ninguém negou que haveria mortes”, acrescentou Bolsonaro.
Em frente do Palácio da Alvorada, a sua residência oficial em Brasília, Bolsonaro falou à imprensa e a cerca de uma dezena de apoiantes que o esperavam, declarando que cabe ao ministro da Saúde explicar os números relacionados com a Covid-19.
De acordo com o portal Worldometer, que compila quase em tempo real informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, de fontes oficiais dos países, de publicações científicas e de órgãos de informação, o Brasil já ultrapassou a China em relação ao número de mortos, com o país asiático a contabilizar 4.633 óbitos.
Segundo o Ministério da Saúde, a taxa de letalidade da doença no país chegou aos 7%.