Da Redação
Com Lusa
O Governo brasileiro anunciou uma doação de 100 mil euros para apoiar o Governo de Moçambique nos trabalhos de resgate e reconstrução de emergência, no contexto da passagem do ciclone Idai pelo território do país.
Num comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil destacou que a doação será feita através de um “fundo solidário a ser criado no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e se somará a outras formas de apoio, já oferecidas ou em exame pelo Governo brasileiro”.
A passagem do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbabué e no Maláui fez pelo menos 762 mortos, segundo os balanços oficiais mais recentes.
Em Moçambique, o número de mortos confirmados é de 447, no Zimbabué foram contabilizadas 259 vítimas mortais e no Maláui as autoridades registaram 56 mortos.
A cidade da Beira, no centro litoral de Moçambique, foi uma das mais afetadas pelo ciclone, na noite de 14 de março.
O número total de afetados pelo ciclone em Moçambique é de cerca de cerca de 800.000.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que está a preparar-se para enfrentar prováveis surtos de cólera e outras doenças infecciosas, bem como de sarampo, em extensas zonas do sudeste de África afetadas pelo ciclone Idai, em particular em Moçambique.
O ciclone afetou pelo menos 2,8 milhões de pessoas nos três países africanos e a área submersa em Moçambique é de cerca de 1.300 quilômetros quadrados, segundo estimativas de organizações internacionais.
Em Portugal
Porto e Coimbra também anunciaram suas doações.
A Câmara do Porto aprovou por unanimidade disponibilizar “equipes pós-catástrofe” e 100 mil euros ao hospital da Beira, tendo o presidente da autarquia revelado que seguirão ainda 10 mil euros para a Escola Portuguesa da localidade.
“Já depois de formalizada esta proposta [relativa ao envio de equipas e dinheiro para reconstrução do hospital], fomos contactados pelo secretário de Estado das Comunidades [português] para ver se a Câmara do Porto se podia associar ao Instituto Camões para garantir uma intervenção rápida na Escola Portuguesa da Beira. Dissemos que sim. Iremos apoiar com 10 mil euros”, revelou o presidente da autarquia, Rui Moreira, na reunião pública do executivo.
O autarca referiu ainda uma “reunião com o cônsul geral Moçambique”, com quem pretende articular, “no futuro”, um “apoio mais continuado”, ao estilo de “patrono”, por parte do Porto com a cidade geminada da Beira, alvo de destruição devido à passagem do ciclone Idai.
“Penso que devíamos pensar, no futuro, em encontrar uma infraestrutura, eventualmente um centro de saúde ou escola, em que fossemos patrono. Falo num apoio mais continuado a cidade geminada, para garantir que não estamos só lá quando há um problema”, explicou.
Também a Câmara de Coimbra decidiu, por unanimidade, disponibilizar 150 mil euros em apoio na área da saúde às vítimas do ciclone, particularmente na região da Beira, cidade geminada com Coimbra desde 1997.
A decisão, adotada durante a reunião do executivo municipal, também mandata o presidente da autarquia, o socialista Manuel Machado, no sentido de que desenvolva “todas as diligências necessárias para agilizar” o processo e a concretização desse apoio, que será disponibilizado em articulação com os responsáveis moçambicanos e o Governo português.
A concretização da ajuda pode passar pela constituição de uma equipa médica, exemplificou Manuel Machado, adiantando que tem contactado, para o efeito, diversas entidades e pessoas, entre as quais o cirurgião Manuel Antunes, que se disponibilizou para trabalhar nesse sentido.
A Câmara de Coimbra tem, entretanto, a funcionar, desde sexta-feira, na Casa Municipal da Proteção Civil (na Avenida Mendes Silva) um centro de recolha de bens alimentares e de primeira necessidade para ajudar o povo de Moçambique.
A Câmara recorda que, de acordo com o comunicado da Embaixada da República de Moçambique em Lisboa e tendo em conta as necessidades imediatas determinadas pelo Governo moçambicano, os donativos podem consistir em produtos alimentares enlatados, com período de validade prolongado, produtos para o tratamento de água, produtos de higiene e limpeza.
O número de portugueses por localizar no centro de Moçambique baixou de 30 para sete, disse o secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves. “Ontem eram apenas sete pessoas por contactar, não há mais nenhum registro” e admite-se que sejam portugueses que não têm meios de contacto permanente, como telemóveis, explicou.
O membro do Governo encontra-se na Beira desde segunda-feira e deverá permanecer na cidade mais afetada pelo ciclone até final da semana, em contacto com a comunidade de 2.500 portugueses e acompanhando as forças operacionais ali deslocadas, compostas por 110 elementos.
As forças militares e de proteção civil estão envolvidas em diversas atividades, entre as quais a distribuição de alimentos e purificação de água no distrito de Buzi, o mais alagado.