Anistia Internacional pede liberdade para preso político luso-venezuelano

[ Atualizado 17h ]

Mundo Lusíada com Lusa

 

A Anistia Internacional (AI) pediu a libertação imediata do preso político e ex-governador luso-venezuelano do Estado de Mérida Williams Dávila Barrios, da oposição, que foi hospitalizado em estado grave de saúde.

“Estamos preocupados com o seu estado de saúde, devido à sua idade avançada e ao facto de ter sido recentemente submetido a uma cirurgia cardíaca. Exigimos que as autoridades lhe deem acesso imediato aos seus familiares, médicos e advogados. Devem garantir-lhe a vida e o tratamento médico e libertá-lo imediata e incondicionalmente”, lê-se numa publicação da Anistia, sua conta do X (ex- Twitter).

A AI explica que Williams Dávila “foi detido arbitrariamente”, em 08 de agosto, “depois de ter participado numa vigília pacífica a favor das vítimas da repressão”, sublinhando que “as autoridades não dão informações oficiais sobre o seu paradeiro”.

Neste dia 14, o seu filho, William Alejandro Dávila Valeri, denunciou que o pai foi hospitalizado, encontrando-se em estado grave.

“Como filho, estou chocado e profundamente preocupado. As piores previsões estão a concretizar-se: o meu pai Williams Dávila, 73 anos, que foi sequestrado na quinta-feira passada por defender os valores democráticos, foi internado no hospital ontem [terça-feira] à noite em estado grave”, escreveu William Alejandro Dávila Valeri na sua conta na rede social X.

Na mesma rede social, o lusodescendente explica que isto confirma o que tinha vindo a alertar sobre a importância dos seus cuidados de saúde.

“É inconcebível que, neste país, sejamos mantidos na escuridão, sem informações claras sobre a sua situação. Exijo respostas imediatas e responsabilizo o Governo [do Presidente, Nicolás Maduro] por esta violação dos direitos humanos. Não é possível que continuemos a viver sob um regime que permite tais atrocidades”, explica.

Em 09 de agosto, o Governo português exigiu às autoridades venezuelanas “a libertação imediata e incondicional de Williams Dávila Barrios, político da oposição e ex-governador do Estado de Mérida, com nacionalidade portuguesa”.

Numa declaração na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou que “Portugal insiste na libertação dos opositores políticos detidos, na garantia da liberdade de manifestação política e na transparência democrática, em contacto estreito com os Estados da região e com os parceiros da UE”.

Em 09 de agosto, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse à Lusa que dois luso-venezuelanos se encontravam detidos na Venezuela devido à sua participação em manifestações contra Nicolás Maduro, estando o Governo português a acompanhar o caso.

Trata-se de um homem e uma mulher detidos quando participavam em atos que “o regime considera ilegais”, afirmou José Cesário.

Entretanto, fonte familiar disse à Lusa que foi detido um outro lusodescendente, um jovem de Puerto Cabello, estado de Carabobo, no centro-norte do país.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, vive uma crise eleitoral após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter atribuído a vitória a Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.

Na Madeira

Dezenas de venezuelanos e luso-venezuelanos concentraram-se hoje no Funchal, junto à Assembleia Legislativa da Madeira, onde o Comando Com Venezuela foi entregar ao presidente do parlamento regional atas que demonstram a derrota de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais.

O Comando Com Venezuela de Portugal entregou ao presidente da Assembleia Legislativa Regional, José Manuel Rodrigues, as atas obtidas dos diferentes centros de votação que demonstram “que o Presidente da República Bolivariana de Venezuela é Edmundo González Urrutia com 7.173.152 votos, contra os 3.250.424 que obteve Nicolás Maduro”.

Falando aos presentes na concentração, antes do encontro com José Manuel Rodrigues, Ana Cristina Monteiro, uma das organizadoras, realçou que a iniciativa de hoje visa exigir que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgue as atas das eleições de 28 de julho.

A também presidente Associação da Comunidade de Imigrantes Venezuelanos na Madeira (Venecom) apelou para que os partidos com representação no parlamento regional aprovem uma proposta para que a Assembleia da República “exija à Venezuela uma resposta”.

No final da reunião, José Manuel Rodrigues (CDS-PP) saudou a iniciativa, manifestando admiração pela luta que a comunidade “tem travado na Madeira para que a democracia chegue à Venezuela e para que os resultados eleitorais […] sejam tornados públicos”.

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