Da redação com Lusa
Cabo Verde vai ter, ainda este ano, um guia para facilitar e aumentar os investimentos de emigrantes e descendentes no país, focando-se em áreas como o turismo, imobiliária, mercado de capitais ou depósitos a prazo, conforme documento apresentado.
“Este guia aparece justamente como instrumento de comunicação de todo o ecossistema, mas também das facilidades e isenções fiscais e de todo o ambiente de negócios que existe em Cabo Verde, com as oportunidades para terem conhecimentos da realidade cabo-verdiana e como investir, e bem, o seu capital”, descreveu o ministro das Comunidades cabo-verdiano.
Em declarações aos jornalistas, na Praia, à margem da apresentação do documento, Jorge Santos indicou que o guia vai estar disponível nas línguas portuguesa, inglesa, francesa e, posteriormente, em crioulo e vai ser divulgado através de plataformas digitais, entre elas o Portal das Comunidades Cabo-verdianas, que também está a ser criado.
Apresentado no quadro das celebrações do Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, que se assinala na quarta-feira, 18 de outubro, o guia deverá estar acessível ao público até finais de novembro, previu.
Para o governante, o Guia do Investidor das Diáspora em Cabo Verde é um “instrumento importante”, que enfatiza a participação dos emigrantes e de seus descendentes no processo de desenvolvimento do país em vários domínios.
“Na área imobiliária, na agricultura, na pesca, mas também no turismo e agora também a nível financeiro, com os depósitos a prazo e investimentos no mercado de capitais”, prosseguiu Jorge Santos, esperando diferenciar ainda mais os negócios em setores como a economia azul, energias renováveis e tecnologias de informação e comunicação.
O documento, prosseguiu a mesma fonte, é suportado por um Manual do Investidor, para dar forma a uma reforma iniciada em 2020, com a institucionalização do Estatuto do Investidor da Diáspora cabo-verdiana, estimada em cerca de 1,5 milhão de pessoas de várias gerações, em mais de 40 países, o triplo dos cerca de 500 mil residentes no arquipélago.
“Ou seja, estamos a criar todo esse ecossistema, todo esse ambiente, para que as nossas comunidades tenham informação”, afirmou, avançando que outro objetivo do executivo é criar um programa nacional de fomento do investimento da diáspora no setor do turismo.
“Associar os empresários da diáspora ao negócio do turismo, ao investimento nesse setor tão importante, é também um dos objetivos desse guia”, mostrou o ministro, à margem de um atelier de apresentação e validação do instrumento, criado em parceria com a delegação da Organização Internacional das Migrações (OMI) no país.
Nos últimos três anos, segundo dados avançados pelo ministro, a participação da diáspora para o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu de 15% para 18,2% (para cerca de 375 milhões de dólares) e o objetivo é “crescer cada vez mais”, agora que os emigrantes vão ter acesso facilitado às informações.
Ainda segundo o governante, neste momento, as remessas, as contas a prazo, o investimento direto e a participação nas despesas familiares contribuem com 34% do PIB de Cabo Verde.
“Esse montante é muito superior ao somatório do investimento externo e da ajuda pública ao desenvolvimento, que é um dado importante para Cabo Verde”, salientou, constatando que o “maior equilibrador” da balança de pagamentos do país são as remessas dos emigrantes.