Bolsonaro e Lula são faces da mesma moeda? Seus eleitores também? (II)

Por Ronaldo Andrade

Devido à grande manifestação dos leitores a respeito do artigo ‘Bolsonaro e Lula são faces da mesma moeda? Seus eleitores também?’, publicado na edição passada, retorno ao tema para continuar a análise proposta no texto anterior.

Como era previsível, partidários do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não ficaram nada satisfeitos com a comparação (“Como se atreve a me comparar com o outro lado?”) o que, paradoxalmente, os leva a ter mais um aspecto em comum (essa afirmação contém ironia, e também um fundo de verdade).

Uma das características de identificação entre ambos (e aqui a referência é aos eleitores mais radicais, seja da extrema-direita ou extrema-esquerda que se identificam com os candidatos, elevando à milésima potência a polarização política que lhes interessam) é a negação dos “malfeitos”, tanto de Bolsonaro como de Lula.

A ausência de autocrítica, a culpabilização dos outros (eles x nós), a aliança política com outrora adversários / inimigos e sua respectiva relativização (maturidade, pragmatismo ou oportunismo?) e admiração cega (seita?) são características inerentes tanto desses dois personagens quanto do público radicalizado que os apoia, gerando receio na maioria da população – que é moderada – quanto ao resultado da eleição presidencial deste ano, ou seja: qual será o cenário político / econômico / social a partir de 1º de janeiro de 2023?

Distensão ou apocalíptico?

Reitero, entretanto, a afirmação publicada no artigo anterior: evidentemente isso não é o pensamento de todos os seus eleitores, pois é simplismo afirmar que todos concordem 100% com todos os posicionamentos de seus candidatos ou políticos preferidos.

Quais, então, as alternativas postas à mesa?

A chamada terceira via, que de acordo com a média das pesquisas divulgadas no ano passado, e pela primeira publicada neste ano (Instituto Quaest), terá intenso trabalho para se afirmar como um player / candidato de peso: o nome mais citado foi o do ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (Podemos), com 9%, seguido pelo ex-ministro da Fazenda (Economia) e Integração Nacional, Ciro Gomes (PDT), com 5%, e pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 3%.
Distantes, portanto, de Lula, que lidera com 45%, e de Bolsonaro, com 23%.

Haverá uma aliança entre os candidatos da terceira via para apoiar um único nome deste segmento?

Como diz o surrado clichê referente às pesquisas (“é uma fotografia do momento”), e em que pese à disparidade verificada nos números de levantamentos divulgados por outros institutos (qual seria a explicação para tal fato?), o ambiente político e econômico tem a consciência que atualmente são esses, mesmo, os dois principais nomes da corrida presidencial.

O cenário continuará assim até outubro ou teremos surpresas pelo caminho?
Façam suas apostas!

RONALDO ANDRADE
Jornalista, fotógrafo e escritor. Correspondente do Jornal Mundo Lusíada na Baixada Santista desde 2007. Pós-graduado em Política e Relações Internacionais (Fundação Escola e Sociologia de São Paulo / SP) e em Gestão Pública Municipal (Universidade Federal Fluminense / RJ). Autor do livro ‘Eleição de síndico’ (Chiado Editora / Portugal).

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