Bolo Rei da Colonial conquista jurados “na humildade”

Por Ígor Lopes
Do Rio para Mundo Lusíada

 

 

“Recebo esse prêmio com muita humildade”. Foi dessa forma que Antônio Batista Martins respondeu aos jornalistas após o seu Bolo Rei ser eleito vencedor num concurso no Rio de Janeiro. O evento aconteceu no dia 29 de novembro na sede do consulado de Portugal, na Zona Sul carioca, e reuniu sete das grandes confeitarias do Rio.

A Padaria Colonial, que fica em Niterói, conquistou os jurados através de um produto típico português. Famoso nas festas de fim de ano, o Bolo Rei é presença obrigatória nas mesas de boa parte das famílias lusitanas.

Antônio Martins, responsável, há 14 anos, pela padaria vencedora, acredita que esse resultado vem coroar anos de trabalho.

“É um trabalho do dia a dia, investindo em bons profissionais e em matéria-prima de boa qualidade. Estou com 80 anos de idade e com muita alegria e felicidade”, conta o empresário, que está no ramo da panificação há 57 anos.

Antônio garante que o Bolo Rei premiado mantém a mesma receita desde que veio de Portugal.

“Trouxe a receita religiosamente de lá (Portugal). E começamos a confeccioná-lo aqui. A tradição e o paladar caíram no gosto do povo, que começou a exigir que o fizéssemos o ano inteiro”, confessa Antônio, que diz ter uma pitada de “segredo” nos ingredientes vencedores.

Durante o evento, o público teve a oportunidade de provar o bolo, mas, nas dependências da padaria, essa iguaria custaria cerca de 50 Reais, já que é cobrado, pelo quilo do bolo, a quantia de 38 Reais.

“Sozinho não chegamos a lugar nenhum. Temos cerca de 70 funcionários. A receita é simples e não sofreu modificações. É original. É desde quando comia quando era criança”, finaliza Antônio.

Segundo José Hugo Celidônio, amante da gastronomia e membro do júri, o bolo vencedor se destacou de forma concreta dos demais concorrentes, conquistando a unanimidade dos jurados.

“Tanto no paladar quanto na apresentação, o vencedor foi destacadamente o melhor. Eu gosto de todo o evento de gastronomia, porque ajuda a aprimorar o paladar das pessoas. Isso é que é importante. Não experimento o Bolo Rei há 20 anos”, sublinha José Celidônio.

Segundo Paulo Elísio, presidente da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio, que promoveu o evento, o que deve ser levado em conta é a divulgação da gastronomia portuguesa, como forma de resgatar, no Rio, a cultura das pessoas comerem o Bolo Rei, não somente no natal, mas durante o ano todo. Este responsável dá ainda uma sugestão saborosa.

“Bolo Rei dormido é uma delícia. Coloca no forno, passa uma manteiga e acompanha com um café pela manhã”, comenta, “com água na boca”, Paulo Elísio.

Trilhando o sucesso

Nesta segunda edição, dos cerca de 17 concorrentes, oito decidiram a grande final. E para se chegar ao mais saboroso, foi preciso a aprovação de um júri rigoroso, composto por Alexandre Henriques, do restaurante Gruta de Santo Antônio, Carlos Perico, do Antiquarius, Francisco Mascarenhas, do Guimas, Pedro de Artagão, do restaurante Irajá, José Hugo Celidônio e Nuno Bello, cônsul de Portugal no Rio. Foram avaliados itens como sabor, textura e aroma dos bolos. O segundo lugar ficou com a “Casa Cavé” e, em terceiro, com a “Doces do Eurico”.

“Não podemos olhar esse evento como uma ação em que as empresa vão ganhar muito dinheiro. Queremos resgatar a cultura portuguesa, pois a Câmara também é cultura”, finaliza Paulo Elísio, que anuncia que o próximo projecto vai ser realizar um concurso para se escolher o melhor prato de bacalhau do Rio.

Delícia tradicional

Trazido no período colonial pelos imigrantes portugueses, o Bolo Rei simboliza os presentes oferecidos pelos Reis Magos ao Menino Jesus, na época de seu nascimento. A forma de coroa e a casca dourada representam o ouro, o miolo e o recheio representam a mirra e o aroma está associado ao incenso. O Bolo Rei é dos principais símbolos das festas de fim de ano. A receita tem dois mil anos de tradição e chegou a Portugal em 1870, logo sendo popularizada pelas doceiras do país.

Confira abaixo uma receita simples de Bolo Rei, divulgada pelo parceiro do Mundo Lusíada, o portal Gastronomias, que traz tudo sobre cozinha portuguesa.

Bolo Rei

Ingredientes:

•1,250 Kg de farinha de trigo •50 g de fermento de padeiro ou 25 g de fermento orgânico •3 dl de leite •250 g açúcar •12 ovos •300 g de manteiga •1 g de sal •150 g de passas •100 g de cidrão doce •100 g de ameixas •100 g de amêndoas •150 g de nozes •150 g de pinhões •frutas cristalizadas

Confecção:

Amassam-se 250 gramas de farinha de trigo da melhor com 50 gramas de fermento de padeiro ou com 25 gramas de fermento orgânico em pasta, desfeito qualquer deles em um decilitro de leite morno, tapa-se bem e deixa-se a massa a levedar em sítio quente, por cinco a seis horas. À parte deita-se num alguidar um quilo de farinha, amassando-o com 250 gramas de açúcar em pó, seis ovos inteiros, seis gemas, trezentas gramas de manteiga derretida, um grama de sal fino e dois decilitros de leite, devendo ficar uma massa consistente; podendo-se deitar mais leite se for necessário por a farinha ser muito seca. Misturam-se os 250 gramas de farinha que se amassaram com o fermento, amassando tudo bem, e, com a mistura bem homogênea, juntam-se 150 gramas de passas, 100 gramas de cidrão doce cortado miúdo, 100 gramas de ameixas de Elvas cortadas aos quartos e sem caroço, 100 gramas de amêndoas despeladas, 150 gramas de nozes cortadas em quatro bocados e cinquenta gramas de pinhões; amassa-se novamente para incorporar bem na massa todos os elementos que se juntam, cobrindo-se com um pano deixando levedar até aumentar o volume de metade, o que precisará de pelo menos de seis a dez horas, conforme a temperatura do ar e o estado atmosférico, sendo preferível preparar a massa à noite para cozer no dia seguinte. Estando a massa bem levedada, fazem-se bolos em coroa, pondo-se no vazio do centro uma tigela ou um copo para não fechar; por cima da massa põem-se algumas ameixas de Elvas cortadas ao meio e pêras ou outras frutas secas cristalizadas e algumas amêndoas, deixando repousar por duas horas, polvilhando com açúcar pilé e pondo-os a cozer no forno com calor forte. Antes de pôr no forno, pode-se pintar a massa por cima com gema de ovo. Feita a massa fazem-se os bolos e põem-se em tabuleiro indo ao forno de calor brando.

Fonte: Gastronomias.com

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