Biocombustíveis: Portugueses querem aumentar a produção e abastecer o mercado espanhol

Da Redação
Com Agencia Lusa

As notícias de que o Governo espanhol se prepara para limitar as importações de biodiesel da Argentina, um dos maiores produtores mundiais, animam os produtores portugueses de biocombustíveis sobre a possibilidade de ganharem um novo mercado.

“Daqui a um ano espero estar a dar boas notícias sobre a exportação de ‘biodiesel’, produzido em Portugal, para Espanha”, afirmou à Lusa o secretário-geral da Associação Portuguesa dos Produtores de Biocombustíveis (APPBIO), referindo que o país vizinho se prepara para adotar uma política de proteção em relação à importação de ‘biodiesel’ da Argentina, a preços que impedem qualquer tipo de concorrência.

Em declarações à Lusa, Paulo Carmona adiantou que os preços praticados pela Argentina, o quarto maior produtor mundial, de onde a Espanha importou, em 2010, mais de 400 mil toneladas, não permitem a existência de concorrência no mercado espanhol, mas a intervenção abre as portas à produção nacional.

“Beneficiamos de uma boa capacidade logística e produtiva, com fábricas modernas, que estão a produzir a dois terços da sua capacidade”, declarou.

De acordo com o secretário-geral da APPBIO, Espanha é o mercado mais interessante para a produção nacional de biocombustíveis, porque “a distância acaba por encarecer o produto” e faz com que as exportações para mercados mais distantes não tenham viabilidade.

De acordo com a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), existem atualmente, em Portugal, sete grandes produtores de biocombustíveis, dos quais dois – a Bioportdiesel e a Valourodiesel – receberam, pela primeira vez, para 2011, quotas de reserva de emissão de títulos de biocombustíveis.

No mercado português, operavam já a Fábrica Torrejana de Biocombustíveis, a Iberol – Sociedade Ibérica de Biocombustíveis e Oleaginosas, a Prio Biocombustíveis, a Sovena Oilseeds Portugal e a Biovegetal, que empregam mais de 200 pessoas, gerando um volume de negócios de cerca de 400 milhões de euros, segundo a APPBIO.

De acordo com Paulo Carmona, “a situação dos biocombustíveis em Portugal é semelhante a quase todos os países europeus”, realçando que a capacidade instalada é “suficiente” para cumprir as metas de incorporação desta fonte energética.

“A capacidade instalada é suficiente para atingir a meta estabelecida para 2020. As fábricas estão a produzir a dois terços da capacidade, podendo aumentar a produção”, disse, acrescentando que “podem entrar no mercado novos ‘players’ uma vez que é um mercado livre”.

A Galp Energia, em parceria com a brasileira Petrobras, tem um projeto para a produção de biodiesel, que nasceu de um acordo de cooperação assinado entre os dois países, assinado por ocasião da visita do ex-Presidente brasileiro, Lula da Silva, a Portugal.

Contactada pela Lusa, a Galp Energia adiantou que, neste momento, a parceria para o projeto da unidade de produção na refinaria de Sines, com capacidade de produção para cerca de 260 mil toneladas de biodiesel por ano, ainda está na fase de plantação da matéria-prima, no Brasil e em Moçambique.

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