Bicentenário: Um futuro mais rico para Brasil-Portugal com a CPLP

Mundo Lusíada com Lusa

O coordenador brasileiro das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, Gonçalo Mello Mourão, defendeu que o futuro das relações entre os países será muito mais rico se não prescindir da CPLP.

O embaixador brasileiro considerou que o relacionamento do Brasil e Portugal hoje “vai muito para além do bilateral”.

“Existe agora no nosso relacionamento a criação do universo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa [CPLP] (…) E este é um dado novo na perspectiva do nosso futuro”, afirmou.

“Nós não podemos ser nunca mais apenas Brasil e Portugal. Devemos ser, de agora em diante e para sempre, dois países na construção da CPLP”, reforçou o diplomata, na conferência que acontece no âmbito das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, que se celebra este ano.

Para o diplomata, “o futuro das relações entre Brasil e Portugal não poderá prescindir do futuro dessa comunidade”.

“Nós brasileiros somos latino-americanos e vocês portugueses são Europeus. Mas nós os dois somos muito mais: fazemos parte dessa espalhada comunidade internacional, que expressa a sua rica variedade cultural (…), na Europa, na América, na África e na Ásia através da doce língua portuguesa”, defendeu.

Por isso, “se limitarmos o futuro do nosso relacionamento aos aspetos estritamente bilaterais, ele será fecundo, sem dúvida, mas será banal, como qualquer outro relacionamento que ambos mantemos com vários países, e será sempre pequeno diante do que são as relações de Portugal com a Espanha, ou do Brasil com a Argentina”, afirmou para uma plateia de personalidades brasileiras e portuguesas.

No entanto, “se situarmos o nosso relacionamento no âmbito dessa realidade transcendente que é a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa [CPLP], essa realidade que empresta às nossas nacionalidades uma projeção que somente a língua comum empresta, a sua relação extrapolará a riqueza de qualquer outro relacionamento bilateral nas relações internacionais”, reforçou.

Por isso, acrescentou: “se nos firmarmos sobre a Língua portuguesa, o futuro das relações entre o Brasil e Portugal será certamente inimaginavelmente mais fecundo, (…) porque é aberto a tudo o que a língua portuguesa nos promete num futuro de universalidade e de riqueza”.

7 de Setembro

Já o coordenador para as comemorações dos 200 anos da independência do Brasil, pelo lado português, Francisco Ribeiro Telles, realçou que todos os chefes de Estado dos países de língua portuguesa foram convidados para as cerimônias do próximo 07 de setembro, dia em que se celebra a efeméride, a decorrerem em Brasília.

“Penso que se trata de um gesto que entendemos também constituir uma forma de homenagear a língua portuguesa no país onde se encontram quatro quintos dos seus falantes” atuais, sublinhou o embaixador português.

Ribeiro Telles lembrou que “Portugal e o Brasil mudaram muito nestes últimos 50 anos” e que o que se pretende com o ano da celebração do bicentenário “é atualizar as imagens que temos dos dois lados do Atlântico, desde a estratégia, à economia, ciência, cultura e inovação”.

“No fundo, o que pretendemos é identificar algumas pistas, ou linhas de ação futura que possam de certa forma aproveitar e potenciar o valor estratégico dos vínculos que unem desde sempre o Brasil e Portugal”, afirmou o diplomata português na sua intervenção na mesma conferência.

A conferência, que decorre até esta sexta-feira em Lisboa, tem por objetivo debater o futuro das relações entre Portugal e o Brasil.

Os antigos presidentes portugueses Cavaco Silva e Ramalho Eanes, bem como o antigo Chefe de Estado do Brasil, Michel Temer, e ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, estiveram na abertura.

O Embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, foi outras personalidades que fez a sua intervenção na sessão de abertura do evento, durante a qual leu uma mensagem do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França.

No encerramento, participa ainda o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa.

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