Bicentenário: Passados 200 anos da independência Brasil continua eurocentrista

Da Redação com Lusa

O coordenador das comemorações do bicentenário da independência pelo Governo do Rio de Janeiro declarou que passados 200 anos que “a cabeça do brasileiro continua eurocentrista” e defendeu que o país se devia centrar mais em si.

“A ótica que nós tínhamos na época era uma ótica europeia. O conceito do nosso mapa-mundo continua igual, o conceito da Europa no centro”, considerou Paulo Protásio, acrescentando que a “cabeça do brasileiro é eurocentrista, mais do que deveria ser”.

“Nós estamos 200 anos atrasados, continuamos eurocentristas”, disse.

Na opinião de Paulo Protásio, que é também presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra) o foco do Brasil socialmente, culturalmente e economicamente é por uma “uma aproximação ao centro”.

“Que a gente passe a ter uma visão não só do Atlântico”, mas também do Pacífico, já que, frisou, “quando o Brasil vem para o centro do mundo traz a América do Sul toda”.

Ao mesmo tempo, o responsável brasileiro exortou ainda para a importância de o país explorar a relação Brasil-Europa com base em Portugal, num ano que se celebra, em 07 de setembro, 200 anos da independência do Brasil.

“Na realidade, a gente pode ser esse novo mundo no qual Portugal e o Brasil têm condições de serem mais importantes e mais eficientes”, sublinhou.

Paulo Protásio, que participa hoje na ‘webinar’ “Fórum 200 anos de independência com integração: a mudança da família real”, sublinhou ainda para a importância das relações entre os dois países, que ganham uma esfera maior dado o cordão umbilical que une Lisboa e a antiga capital brasileira e do reino português, o Rio de Janeiro.

“A relação é tão importante como os laços da ligação histórica. Não há no mundo nada parecido”, disse, referindo-se à esquadra portuguesa com o príncipe regente que aportou em Salvador, em 22 de janeiro de 1808, para mais tarde instituir a cidade do Rio de Janeiro como capital do império português.

“Esse laço não se fez só no plano urbano, nas relações, mas também se fez no plano da ação cultural, na percepção desse elo entre nós”, disse.

O responsável defendeu a ideia de que Lisboa e o Rio de Janeiro partilham “um espaço comum” e que o futuro tem de passar necessariamente pela criação de um eixo entre as duas cidades.

A Web Summit é um exemplo disso mesmo, frisou, lembrando que tal como Lisboa, o Rio de Janeiro passará a contar com uma edição da maior conferência em tecnologias, em maio de 2023.

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