Mundo Lusíada
Com Agencia Brasil
O papa Bento XVI deixou o Vaticano na tarde de 28 de fevereiro e seguiu para Castel Gandolfo, residência de verão do chefe da Igreja Católica, cerca de 30 quilômetros ao sul de Roma. Um helicóptero da República Italiana, ostentando uma bandeira do Vaticano, decolou de um heliporto na cobertura de um edifício do pequeno Estado, para levar o papa até Castel Gandolfo, onde deve permanecer nos próximos meses.
Em maio, provavelmente, Bento XVI voltará ao Vaticano, quando a reforma da residência a ele destinada – o Mosteiro Mater Ecclesia – estiver concluída. Sinos de Roma e da Basílica de São Pedro soaram no momento da decolagem do helicóptero que levou Bento XVI a Castel Gandolfo. Antes de partir, o papa emérito, como passa a ser chamado após a renúncia, prometeu “obediência e reverência” a seu sucessor.
O líder da Igreja Católica teve seus momentos finais de pontificado transmitidos ao vivo para todo o mundo. De acordo com o Centro de TV do Vaticano, 26 câmeras foram disponibilizadas para registrar as horas finais do pontificado de Bento XVI.
O último ato público do papa foi uma saudação à população a partir da varanda central da residência de verão. Ao chegar à residência apostólica em Castel Gandolfo, o papa Bento XVI agradeceu aos fiéis pela simpatia e afeto com que o receberam na cidade. Depois de lembrar que seria chefe da Igreja Católica somente até as 20h (14h em Brasília de ontem), Bento XVI disse: “Sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa de sua peregrinação nesta terra.”
Ele acrescentou, porém, que, com seu amor, orações, reflexões e com suas forças interiores, pretende continuar trabalhando pelo bem comum e pelo bem da Igreja e da humanidade. Em seguida, emocionado, concedeu a bênção apostólica ao grande público presente. Papa Bento XVI, de 85 anos, anunciou em 11 de fevereiro que deixaria o pontificado, alegando idade avançada. Na ocasião, ele disse ter consciência da gravidade de seu ato. A renúncia é a primeira de um papa na era moderna. A data do conclave ainda não foi confirmada, mas, segundo o Vaticano, os cardeais devem se reunir a partir de 4 de março para definir o processo de sucessão.
O alemão Joseph Ratzinger assumiu o comando da Igreja Católica em 19 de abril de 2005, após a morte de João Paulo II, que esteve no pontificado por 31 anos. Aos 78 anos, Ratzinger foi um dos cardeais mais idosos a ser eleito papa.
Começam reuniões prévias para escolher sucessor
No primeiro dia sem papa, os cardeais iniciam o processo informal das conversas prévias para a escolha de quem vai substituir Bento XVI. A partir de 1º de março, o decano (o mais antigo) do Colégio de Cardeais, Angelo Sodano, de 85 anos, começa a organizar a fase preliminar ao conclave.
A primeira reunião foi confirmada pelo arcebispo de Nápoles (Itália), o cardeal Crescenzio Sepe, dia 04. A partir desta primeira reunião de cardeais é possível anunciar a data de início do conclave, segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. A estimativa é que o rito comece no final da próxima semana. O prazo é dado para que todos os cardeais, que são eleitores, estejam presentes no Vaticano.
Em 25 de fevereiro, às vésperas de deixar o pontificado, Bento XVI autorizou a antecipação do conclave, por intermédio do documento denominado motu próprio (por iniciativa própria). Tradicionalmente o Vaticano determina que o conclave comece no período de 15 a 20 dias, depois do início da sé vacante – expressão que designa que o lugar do papa está vago. A finalidade é permitir que todos os cardeais estejam presentes na eleição do sucessor e guardem o luto – em geral o papa é escolhido quando há morte daquele que está no pontificado.