Da Redação Com Lusa
Os benefícios do uso da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca superam os riscos, de acordo com os dados mais atuais, considera a Organização Mundial de Saúde (OMS), que admite para os próximos dias uma “avaliação mais conclusiva”.
O diretor para os assuntos de regulação e pré-qualificação, Rogério Gaspar, disse hoje numa conferência de imprensa ‘online’ da OMS que a informação atual não estabelece nenhum vínculo entre a vacina e certos tipos de trombose, mas acrescentou há “dados a chegar todos os dias” e que a OMS está a analisá-los com a Agência Europeia do Medicamento (EMA).
A EMA esclareceu também hoje que ainda está a avaliar a possível ligação entre a vacina da AstraZeneca contra a covid-19 e a formação de tromboembolismos, após um responsável da instituição ter confirmado essa relação.
O comité de segurança da agência, com sede em Amesterdão, “ainda não chegou a uma conclusão e a revisão está atualmente em curso”, adiantou a EMA numa declaração à AFP.
Paralelamente, a agência europeia informou que uma decisão sobre esta matéria deve apenas ser anunciada nos próximos dois dias.
O esclarecimento da EMA surge na sequência da entrevista do seu responsável pela estratégia de vacinação, Marco Cavaleri, ao jornal italiano ‘Il Messaggero’, na qual confirmou a existência de uma relação entre a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca e a ocorrência de coágulos de sangue raros em pessoas vacinadas.
Na conferência de imprensa habitual da OMS para fazer um balanço da luta contra a covid-19 a organização foi questionada sobre a matéria, cabendo a resposta a Rogério Pinto de Sá Gaspar, que disse que a avaliação atual é a de que entre os riscos e os benefícios é positiva a utilização da vacina, referindo como “muito raros” os casos de trombose.
Afirmando que há uma redução da mortalidade por covi-19 nas pessoas que já levaram a vacina da AstraZeneca, o responsável disse que até quinta-feira deverá haver uma “avaliação mais conclusiva”.
Mariângela Simão, diretora-geral-assistente da OMS, afirmou também que as informações sobre essa possível relação proveem da Europa e disse que a organização está a recolher dados de todas a regiões, porque já foram administrados milhões de vacinas na América Latina, Ásia e África.
Em Portugal
O primeiro-ministro admitiu neste dia 06 que, se for confirmado pela EMA a existência de um um “berbicacho”, ou seja um empecilho, com a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, haverá inevitáveis consequências na morosidade dos planos de vacinação da União Europeia.
António Costa assumiu esta posição em conferência de imprensa, em São Bento, no final de uma reunião por videoconferência com presidentes de câmaras dos sete municípios que registram mais de 240 casos de covid-19 por cem mil habitantes nos últimos 15 dias: Alandroal, Carregal do Sal, Moura, Odemira, Portimão, Ribeira de Pena e Rio Maior.
Confrontado com o fato de o responsável pela estratégia de vacinação na EMA ter assumido a existência de uma “ligação” entre a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca e os casos de tromboembolismos após a sua administração, António Costa disse que é preciso aguardar pela posição oficial da EMA sobre essa mesma matéria.
“No quadro da União Europeia, consideramos que é fundamental que haja uma posição uniforme relativamente às recomendações e indicações fixadas pela EMA no que respeita a cada uma das vacinas. Se houver um berbicacho, então isso terá inevitáveis consequências no processo de vacinação”, apontou o primeiro-ministro.
Neste ponto, António Costa referiu que o processo de vacinação na Europa tem estado “fortemente condicionado pela capacidade de produção a montante”, designadamente “pelo incumprimento por parte da AstraZeneca das suas obrigações contratuais”.
“Se houver restrições acrescidas, isso traduzir-se-á inevitavelmente numa maior morosidade na forma de desenvolvimento do plano de vacinação”, reforçou o primeiro-ministro.
António Costa observou depois que, neste momento, na União Europeia, não há vacinas alternativas para substituir imediatamente as da AstraZeneca.
“E as indicações médicas e farmacológicas, obviamente, têm de ser seguidas e respeitadas”, acrescentou.