BE: Partido culpa PS e PSD pela crise no setor da habitação em Portugal

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Mundo Lusíada com Lusa

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, culpou PS e PSD pela crise na habitação, criticando estes partidos por dizerem que “é impossível” implementar medidas devido a imposições da União Europeia.

Na noite de terça-feira, num comício de pré-campanha para as legislativas de 10 de março, numa lotada Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense, em Guimarães, no distrito de Braga, a bloquista assumiu lutar “contra os impossíveis” na habitação, lembrando algumas medidas adotadas por PS e PSD ao longo das últimas décadas.

“Há anos que nos batemos contra o PSD, que aprovou uma lei ‘Cristas’ para subir as rendas e que permitiu despejos, e contra um PS, que manteve essa lei cruel, embora a tenha criticado nessa altura. Há anos que nos batemos contra um regime de ‘Vistos Gold’, criado por um Governo PSD, na crise da ‘troika’, para dizer que quem tivesse 500 mil euros podia comprar uma casa em Portugal (…). E o PS manteve esse regime”, criticou Mariana Mortágua.

A coordenadora do BE disse que também foram PS e PSD que “em quase meio século partilharam responsabilidades” de não haver um parque público de habitação nem o seu inventário, assim como mantiveram casas fechadas.

“Passamos os últimos anos a alertar para uma crise da habitação, que se agigantava, que crescia a olhos vistos. Ela estava aí para quem a quisesse ver. PS e PSD não a queriam admitir, queriam negar a crise da habitação. Hoje isso mudou, hoje ninguém consegue negar, ninguém tem coragem para dizer que em Portugal não há uma crise na habitação, hoje assumem que há uma crise”, declarou Mariana Mortágua.

Apesar de agora reconhecerem haver uma crise, a coordenadora do BE acusou PS e PSD de nada fazerem para a resolver.

“Mas logo a seguir tentam dizer-nos que não há nada que possamos fazer para combater essa crise e para baixar os preços. Que é tudo impossível. Que todas as medidas que temos para apresentar para baixar os preços, sensatas, exequíveis, necessárias, são impossíveis. E como não têm mais nenhum argumento dizem que a União Europeia não deixa. Os que não fizeram dizem agora que gostavam de fazer, mas não podem, estão proibidos, estão impedidos”, atirou a líder do BE.

Para Mariana Mortágua os dois partidos dividem as suas propostas entre medidas que falharam no passado ou medidas que falharam no presente, recusando, segundo a coordenadora do BE, “todas as propostas que atacam diretamente as causas do aumento dos preços” na habitação.

“Sabemos quais são as causas do aumento dos preços: são os fundos imobiliários, que querem lucrar com a miséria da vida das pessoas; é a banca, que não se coíbe de apresentar lucros milionários, enquanto as pessoas empobrecem para pagar uma prestação; é a especulação imobiliária, que brinca com a vida das pessoas como se fosse um casino”, defendeu a bloquista.

Mariana Mortágua defendeu ainda a limitação do valor das rendas, contrariando a tese de que, também neste particular, a União Europeia impede a sua aplicação, defendida por PS, PSD “a que agora se juntou o PAN”, disse Mortágua.

A coordenadora do BE defendeu também que haja orientações, instruções do Estado para a CGD, no sentido de haver uma “estratégia concorrencial” que permita baixar as taxas de juro no crédito à habitação.

O comício ficou ainda marcado pelo facto de uma das pessoas que se encontrava na sala ter interrompido o discurso de Mariana Mortágua, dizendo que, em 01 de abril, vai ser despejada, juntamente com três filhos menores, acrescentando que espera, desde 2018, uma casa do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana.

A líder do BE ouviu o que a moradora tinha para dizer, tendo-a chamado para o palco, onde continuou a expor o seu caso, intervenção que mereceu aplauso dos presentes.

Direita bagunça

Já o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, disse nesta quarta-feira que a direita é uma “bagunça” e o seu principal adversário nas eleições de 10 de março, Luís Montenegro, de não ser capaz de liderar o seu campo político.

“Há uma certeza que nós temos, o PS conseguirá proporcionar ao país estabilidade, estabilidade política. A direita não pode dizer o mesmo: Luís Montenegro não é capaz de liderar o seu campo político, Luís Montenegro não consegue liderar a direita em Portugal”, sublinhou.

Discursando num comício em Faro, na terça-feira à noite, o líder dos socialistas acusou a direita de ser uma “bagunça”, acrescentando que, caso fosse eleita, poderia ter consequências na estabilidade econômica e social do país, na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e na imagem externa de Portugal.

“André Ventura quer Luís Montenegro, Luís Montenegro prefere Rui Rocha, Luís Montenegro e Rui Rocha não querem André Ventura. A direita é a bagunça, só que essa bagunça teria consequências em Portugal se por acaso eles tivessem a vitória”, afirmou.

Referindo-se ao debate político com Luís Montenegro realizado na segunda-feira, o líder do PS acusou o seu adversário de mentir sobre o corte nas pensões e de impreparação, pois mostrou que não sabe quanto custa o programa eleitoral do PSD.

“O líder do PSD mostrou que não sabe sequer quanto custa o seu programa. Pois nós voltaremos a repetir: são 16.500 milhões de euros de perda de receita fiscal em quatro anos, são 23.500 milhões de euros o buraco orçamental do programa do PSD”, sublinhou.

Pedro Nuno Santos acusou ainda o líder do PSD de irresponsabilidade orçamental, por prometer o que sabe “que não é possível, enganando o povo mais uma vez”.

À chegada, o líder do PS foi recebido na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve por um grupo de algumas dezenas de polícias, que assobiaram e sopraram apitos voltando-se de costas para a comitiva do PS, em sinal de protesto.

Durante os cerca de 40 minutos de discurso, o dirigente socialista falou dos principais desafios que a região do Algarve enfrenta, nomeadamente, em matéria de saúde, educação e habitação, além da situação grave de seca.

Por fim, Pedro Nuno Santos defendeu a ligação da linha ferroviária do Algarve ao corredor mediterrânico, conseguindo que se chegue de França e de Espanha ao Algarve por comboio, prometendo também resolver o litígio das obras na Estrada nacional (EN) 125.

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