Da Redação
Com Lusa
O Banco Mundial fez uma forte revisão em baixa da previsão de crescimento econômico em Moçambique este ano para 3,2% do PIB, o que significa um corte de 2,9 pontos percentuais face às previsões de junho.
“Os custos de servir a dívida continuaram insustentáveis em Moçambique e no Chade, salientando a necessidade de os governos neste e noutros países de baixo rendimento manterem os seus esforços de mobilização da receita interna e de racionalização da despesa pública”, escrevem os peritos do Banco Mundial no relatório sobre as Perspetivas Econômicas Globais.
No documento, divulgado na terça-feira à noite em Washington, os peritos antecipam que Moçambique tenha crescido 3,1% no ano passado, e que vá crescer 3,2% este ano e 3,4% nos dois anos seguintes, o que representa uma revisão em baixa de 1,7 pontos para 2017 e de 3,3 pontos percentuais para a previsão de crescimento para 2020 feita em junho.
O relatório faz várias referências a Moçambique, salientando a alta dívida pública e o fortalecimento do metical devido ao aumento das exportações.
No que diz respeito ao continente africano, o Banco Mundial diz que está em curso “uma recuperação modesta, apoiada por uma melhoria nos preços das matérias-primas”, nomeadamente o petróleo.
“Apesar de o crescimento econômico ter aumentado em Angola, Nigéria e na África do Sul, as três maiores economias da região, a expansão continua baixa”, acrescentam os redatores do relatório, que nota que “a região deve ver uma subida da atividade [econômica] durante o horizonte das previsões, alicerçada na consolidação dos preços das matérias-primas e no fortalecimento gradual da procura interna”.
O Banco Mundial prevê um crescimento de 2,4% em 2017, que se segue a um forte abrandamento para 1,3% em 2016, e para este ano a estimativa de expansão econômica aponta para 3,2%.
O crescimento, no entanto, não implica o abrandamento do ritmo das reformas que o Banco Mundial diz serem necessárias para explorar o potencial do continente africano.
“Dadas as tendências demográficas e de investimento, as reformas estruturais serão necessárias para aumentar o crescimento potencial durante a próxima década”, lê-se no documento, que alerta que “os riscos de revisão em baixa continuam a predominar, incluindo a possibilidade de o preço das matérias-primas continuarem fracos, de as condições financeiras globais se apertarem desordenadamente, e de a incerteza política regional e as tensões de segurança se intensificarem.
A nível mundial, o Banco Mundial reviu em alta as estimativas de crescimento global para 3,1% em 2018, quando no ano passado previa uma expansão económica de 2,8% para este ano.
A revisão em alta face à estimativa de crescimento de 2,8% em 2018 calculada anteriormente é impulsionada por uma atividade económica superior à prevista em 2017, que cresceu 3% contra 2,7% antecipado há seis meses, indica o relatório semestral “Perspetivas Económicas Globais”, divulgado em Washington na noite de terça-feira.
“O crescimento mundial é mais forte do que o que tínhamos previsto”, declarou à agência AFP Ayhan Kose, economista do Banco Mundial, que sublinhou que o aumento afetará todas as regiões do mundo, a começar pelos “três grandes”: Estados Unidos, Zona Euro e Japão.
Segundo as novas estimativas, em 2018 os Estados Unidos deverão acelerar o crescimento econômico para 2,5%, contra os 2,2% estimados em junho, e o Produto Interno Bruto (PIB) da Zona Euro deverá crescer 2,1% e o do Japão 1,3%.
Os dois grandes países emergentes Brasil e Rússia, que em 2017 retomaram o crescimento (1,7% e 1%) depois de dois anos de recessão, deverão continuar a recuperar com estimativas de aumentos do PIB de 1,7% e 2% em 2018, respetivamente.
A China deverá continuar a sua “desaceleração estrutural”, mas a crescer mais de 6%, com um aumento estimado de 6,4% em 2018 e de 6,3% em 2019, adianta o documento.