Da Redação
Com Lusa
O novo governador do Banco Central de São Tomé, Américo Barros, afirmou que o país corre o risco de falhar as metas do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial devido à subida da inflação e derrapagem orçamental.
Américo Barros, que nesta sexta-feira tomou posse como governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe (BCSTP), afirmou que o atual quadro macroeconômico do país se caracteriza pela “desaceleração do Produto Interno Bruto [PIB], subida da inflação e derrapagem orçamental, fiscal e monetária”.
O novo governador, que falava a imprensa após a cerimônia, disse que, por causa disso, estão comprometidos o “cumprimento de metas quantitativas dos indicadores com o Fundo Monetário Internacional [FMI] e o Banco Mundial [BM]”.
Américo Barros tomou posse cerca de 24 horas depois de uma resolução do Conselho de Ministros que destituiu o anterior governador, Hélio de Almeida, bem como todo o conselho de administração do BCSTP, que o Governo considera como suspeito “na atribuição, com falta de transparência, de fundos públicos a altos dirigentes da instituição, no âmbito do processo de destruição das notas velhas”.
No seu discurso de investidura, Américo Barros sublinhou a degradação do poder de compra das populações, subida generalizada de preços dos principais produtos e o elevado custo de vida, “o que faz de cada cidadão uma pessoa mais pobre”.
O excesso da dívida do Estado foi igualmente abordado por Américo Barros, que diz ter “herdado um sistema bancário carente de reformas”.
“O endividamento excessivo do Estado para gastos correntes dos últimos anos elevou de forma insustentável os serviços da divida pública nacional, mirando ainda mais as débeis reservas internacionais líquidas situadas abaixo do mínimo exigível, o que pode comprometer a execução do acordo de cooperação econômica com Portugal”, lembrou Américo Barros.
o responsável apontou também outros problemas, nomeadamente a “elevada taxa de crédito malparado, elevado custo de intermediação financeira, inexistência de uma central de registos e garantias e baixo nível de diversificação de produtos financeiros”.
Américo Barros acusou a gestão cessante do BCSTP de ter administrado a instituição num “sistema que funciona num ambiente de baixa regulamentação e fraca literacia financeira”.
O novo governador vai trabalhar com Luiz Fernando de Sousa como vice-governador, mais três administradores – Eugénio Lourenço Soares, Fernanda Santiago da Costa e Alcino Batista de Sousa.
O responsável prometeu melhorar a qualidade de supervisão do setor financeiro e modernizar o sistema de pagamentos automáticos e introduzir o cartão de crédito com vista à sua internacionalização.
Na sua resolução, o Conselho de Ministros dava conta da existência de situações anômalas no processo da reforma monetária, que culminou com a transferência de avultadas somas para a conta de uma sociedade de direito britânico.
Nesta resolução, o executivo de São Tomé e Príncipe referia ainda que “está pendente nas instâncias judiciais uma queixa-crime relacionada com a denúncia de uso indevido de notas velhas recolhidas no âmbito da mesma reforma monetária”.